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ongo é o caminho desde o sacerdócio, fértil a caminhada: Manuel José Macário do Nascimento Clemente foi reitor do Seminário Maior dos Olivais, bispo do Porto, bispo auxiliar de Lisboa, cardeal-patriarca de Lisboa, presidente da Conferência Episcopal. É doutor em Teologia Histórica pela Universidade Católica Portuguesa, magno chanceler da Universidade Católica Portuguesa, autor de vasta obra publicada contemplando a História e a Fé: em 2009, o Prémio Pessoa distinguiria a qualidade do teólogo e historiador, o brilho do intelectual. Admirado pela humildade, cultivando a simplicidade e a proximidade, D. Manuel Clemente serviu a Igreja como sempre entendeu que deveria ser servida: atendendo à fidelidade mas sabendo ler o que o tempo ia trazendo, compaginou sempre as duas dimensões. Nunca a sua noção de serviço foi substituída pela tentação do desalento, nem sequer nas mais adversas estações do seu longo exercício eclesial — como em agosto do ano passado, quando, a propósito da questão dos abusos sexuais na Igreja, sofreu impiedosas afrontas mediáticas (“Claro que me custou ler e ouvir o que se escreveu e disse. Sobretudo quando não correspondia à verdade, no todo ou em parte... ou não reconhecia o que estávamos a fazer na Igreja para resolver o problema”). A dias da JMJ Lisboa 2023, acedeu a rever toda a sua matéria. Talvez por se tratar de uma despedida. Melancólica, quis-me parecer, mas talvez eu esteja enganada. Deus não estará certamente.
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