A Revista do Expresso

Os nossos ossos deles: os despojos humanos guardados nos museus portugueses

6 abril 2023 8:50

Christiana Martins

Christiana Martins

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Jornalista

Ana Brígida

fotografias

Fotógrafa

ACERVO Originária do povo munduruku, a cabeça pertence ao Museu de Arqueologia e foi depositada em Etnologia para ser restaurada e estudada

O tema das restituições das obras de arte e objetos etnológicos é um dos grandes debates do momento e quando em causa estão despojos humanos, o assunto divide opiniões. O Expresso fez um levantamento dos remanescentes extraeuropeus que existem nos museus em Portugal

6 abril 2023 8:50

Christiana Martins

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Jornalista

Ana Brígida

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No século XIX, as Devesas eram a última paragem dos caminhos de ferro portugueses ao norte e Marciano Azuaga era o chefe da estação. Nasceu em Valença do Minho em 1838, sem berço notável, não tinha fortuna nem deixou descendentes que se conhecessem. Maçom, fez-se colecionador, foi condecorado com a Ordem de Cristo e criou em Vila Nova de Gaia o primeiro museu de entrada gratuita em Portugal. Amigo de figuras notáveis como José Leite de Vasconcelos, Azuaga foi comprando objetos históricos de vários continentes, desde organismos marinhos a azulejos holandeses e construiu uma coleção típica dos gostos da altura. Hoje abrigada no Solar dos Condes de Resende, no acervo destacam-se duas cabeças-troféu indígenas munduruku, com quase 200 anos. Dois exemplares de restos humanos.

Em 1904, um ano antes de morrer, Marciano Azuaga legou a sua coleção à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia porque queria que esta fosse estudada e conservada. Durante décadas, as peças ficaram encaixotadas num sótão da autarquia. E por mais que se tentasse, mantêm-se perguntas fundamentais: quem as trouxe para Portugal? Como vieram acondicionadas? Por que razão as quis Azuaga? O que sentiu na primeira vez que as viu?

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