Enquanto a terra gira sobre si própria, Ursula von der Leyen alterna entre o amplo escritório de duas salas, com vista desafogada sobre Bruxelas e uma paisagem marítima num quadro na parede, e o pequeno quarto contíguo de 20 m2, sem janelas. O espaço que em tempos serviu o descanso pontual dos antecessores, Durão Barroso ou Jean-Claude Juncker, foi adaptado para que não tivesse de desperdiçar horas entre o trabalho e um apartamento na cidade. Nunca, antes dela, um presidente tinha morado no edifício principal da Comissão Europeia. A decisão de passar não só os dias, mas também as noites no Berlaymont causou e ainda causa espanto. Como é que alguém se lembra de viver no décimo terceiro andar de um gigante edifício de escritórios que fica vazio com o avançar das horas?
O que alguns descrevem como “pouco saudável” ou “falta de contacto com a realidade”, é para ela um hábito que trouxe de Berlim para Bruxelas. Uma solução pragmática aplicada a todos os ministérios que liderou: primeiro o da Família, depois o do Trabalho e finalmente o da Defesa, dormindo em edifícios intimidatórios, cheios de história e do passado alemão. “Não seria opção para mim”, mas era “a forma dela ser eficiente”, explica ao Expresso Elisabeth Niejahr, que em 2015 escreveu a biografia de Ursula von der Leyen. “Ela não gosta de perder tempo.” A ex-jornalista descreve-a como uma “mulher fascinante”, com “uma forte capacidade de comunicação”, que já foi vista como potencial chanceler.
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