Há um ano, acordámos com uma notícia estonteante: durante a madrugada, a Rússia tinha lançado uma invasão da Ucrânia em larga escala. Nesse momento, a ordem de segurança europeia que conhecemos ao longo dos últimos 30 anos acabou. A questão do que se lhe seguirá tem sido analisada e debatida com os olhos postos no Leste europeu, mas há outra região do globo onde a geopolítica está em convulsão. Sob o impacto combinado da competição entre grandes potências e do aquecimento global, o mapa geopolítico do Ártico está hoje em profunda transformação, com consequências imprevisíveis.
Se assim é, porque está o Ártico tão longe das nossas mentes? Em parte, porque a nossa conceção da geografia terrestre está condicionada pelo planisfério de Mercator. A solução encontrada pelo cartógrafo flamengo do século XVI consegue projetar o globo de forma plana, mas a custo de várias distorções. Uma delas é a omissão da posição central do oceano Ártico relativamente à América do Norte e à Eurásia. Além de ser a menor das cinco bacias oceânicas por área (4,3% da superfície terrestre), a bacia do Ártico é bordejada pela Rússia, os EUA (Alasca), Canadá, Dinamarca (Gronelândia), Islândia e Noruega. A Finlândia e a Suécia não têm costa no Ártico, mas também têm territórios a norte da linha do Círculo Polar Ártico.
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* Investigador, doutorando em História, Estudos de Segurança e Defesa no CEI-ISCTE e bolseiro da FCT
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