Nascido em Lisboa, no verão quente de 1975, Pedro Penim cresceu em Sesimbra, de onde a sua família materna e paterna são naturais, o que faz dele um “pexito”. A rir, conta que quando lhe salta a chinela para o sotaque pexito todas as palavras acabadas em “o” passam a acabar em “e”. Pedro é Pedre, todo é tode, o que é já uma valência para uma boa prática da linguagem inclusiva. Os apelidos raros, Zegre e Penim, “que devem ter vindo com as invasões francesas, porque são nomes do norte de França”, não fazem dele parente do jornalista Francisco Penim. A conversa decorreu no Salão Nobre, o lugar onde viu pela primeira vez um espetáculo de teatro, na década de 80. Veio com a escola, com a professora de Português e Francês, e lembra-se de ter ficado encantado por ver Virgílio Castelo numa peça sobre Van Gogh. Cresceu a desenhar e a ler, numa família que cultiva uma relação antipoder militar e opressivo: “O meu trisavô foi morto na praia por uma milícia protofascista ligada ao regime salazarista, e a minha bisavó assistiu a esta morte.” Por desenhar bem, e desde cedo, foi encaminhado pela família para Arquitetura, mas um cartaz numa rua de Lisboa, do grupo brasileiro Os Satyros, fê-lo mudar de vida, e levou-o a fundar o Teatro Praga.
O que lhe deu o teatro que a arquitetura não tinha?
Os cursos de Arquitetura e de Teatro aconteceram em simultâneo, e foi o teatro que me ofereceu uma relação mais proveitosa com a imaginação e a criatividade. Enquanto arte, o teatro é mais selvagem. Tem menos regras, formatos específicos e definitivos. Foi isso que me afastou da ideia de acabar o curso de Arquitetura e que me levou a procurar formas de ser ator.
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