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200 anos da independência do Brasil: a história completa não se conta num quadro

D. PEDRO “A Proclamação da Independência”, óleo sobre tela de Francisco Renato Moreaux, 1844, acervo do Museu Imperial do Brasil
D. PEDRO “A Proclamação da Independência”, óleo sobre tela de Francisco Renato Moreaux, 1844, acervo do Museu Imperial do Brasil

O “grito do Ipiranga” transformou-se em símbolo da separação entre o Brasil e Portugal. Mas a autonomia territorial já vinha de trás

Lourenço Pereira Coutinho (historiador)

7 de setembro de 1822, o príncipe D. Pedro, regente do reino do Brasil, declarou nas margens do rio Ipiranga a independência deste imenso território sul-americano. A declaração não foi tanto contra Portugal mas, sobretudo, contra as cortes constituintes que, em Lisboa, preparavam-se para votar a primeira Constituição portuguesa.

O chamado “grito do Ipiranga” constituiu-se desde logo como o momento simbólico em que o Brasil se separou de Portugal. No entanto, o território de há muito que era quase autónomo. Tal tornara-se uma inevitabilidade cerca de 14 anos antes quando, por “sugestão” do embaixador britânico, o príncipe regente D. João decretou a abertura dos portos brasileiros ao comércio internacional (28 de janeiro de 1808). Este foi o momento em que a ainda colónia deixou de precisar de Portugal como intermediário do seu comércio com a Europa. Depois de mais de um século a depender quase exclusivamente do Brasil, aquele constituiu um sério revés para Portugal, com repercussões profundas nas décadas seguintes. Sem o Brasil, Portugal ficou obrigado a reinventar-se.

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