200 anos da independência do Brasil: a história completa não se conta num quadro

O “grito do Ipiranga” transformou-se em símbolo da separação entre o Brasil e Portugal. Mas a autonomia territorial já vinha de trás
O “grito do Ipiranga” transformou-se em símbolo da separação entre o Brasil e Portugal. Mas a autonomia territorial já vinha de trás
Lourenço Pereira Coutinho (historiador)
7 de setembro de 1822, o príncipe D. Pedro, regente do reino do Brasil, declarou nas margens do rio Ipiranga a independência deste imenso território sul-americano. A declaração não foi tanto contra Portugal mas, sobretudo, contra as cortes constituintes que, em Lisboa, preparavam-se para votar a primeira Constituição portuguesa.
O chamado “grito do Ipiranga” constituiu-se desde logo como o momento simbólico em que o Brasil se separou de Portugal. No entanto, o território de há muito que era quase autónomo. Tal tornara-se uma inevitabilidade cerca de 14 anos antes quando, por “sugestão” do embaixador britânico, o príncipe regente D. João decretou a abertura dos portos brasileiros ao comércio internacional (28 de janeiro de 1808). Este foi o momento em que a ainda colónia deixou de precisar de Portugal como intermediário do seu comércio com a Europa. Depois de mais de um século a depender quase exclusivamente do Brasil, aquele constituiu um sério revés para Portugal, com repercussões profundas nas décadas seguintes. Sem o Brasil, Portugal ficou obrigado a reinventar-se.
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