É de manhã em Lisboa, a manhã seguinte à da conferência que Jacques Rancière proferiu no CCB, no ciclo “Políticas da Estética: O Futuro do Sensível”. E o filósofo de 81 anos não está muito satisfeito. “É um defeito meu, não gosto de me ouvir”, diz. Mas está disponível para ser ouvido, e não evita perguntas, mesmo tendo avisado que prefere não falar sobre a política francesa.
Existe uma razão de fundo: como é que um homem que passou a sua vida a estudar os fenómenos políticos, que seguiu o marxismo de Louis Althusser (de quem foi aluno) e depois o criticou ferozmente, e que tanto teorizou sobre o conceito de ‘democracia’, pode fugir a analisar a convulsão que hoje assalta o mundo? Professor honorário de Filosofia da Universidade de Paris VIII e na European Graduate School, e um dos mais importantes filósofos vivos, tem obra publicada nos campos da política, da educação e da estética — em especial, do cinema — e interessa-se pelos cruzamentos, pela abolição da separação entre saberes ou, como ele próprio diz, pela tentativa de elaborar “um pensamento que os perpassa a todos e a todos pertence”. Toda a sua produção — mais de 50 títulos — demonstra que amplamente o conseguiu.
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