Revista de imprensa

Portugal já teve de destruir 3,5 milhões de vacinas contra a covid-19. Bruxelas tenta renegociar contratos com farmacêuticas

Portugal já teve de destruir 3,5 milhões de vacinas contra a covid-19. Bruxelas tenta renegociar contratos com farmacêuticas
BRENDAN MCDERMID/REUTERS

Por passarem do prazo de validade e por a adesão à vacinação contra a covid-19 ser cada vez mais escassa, vários Estados-membros estão a ver-se obrigados a deitar vacinas ao lixo. Em Portugal, a taxa de inutilização é de 8,5%

Portugal destruiu cerca de 3,5 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 que foram adquiridas através do mecanismo de compra conjunta da Comissão Europeia. A informação foi divulgada pelo jornal “Público”, num momento em que a Comissão Europeia está a tentar renegociar contratos com as farmacêuticas devido à acumulação de doses de vacinas que não foram usadas e já passaram do (curto) prazo que apresentam para utilização.

De acordo com o Ministério da Saúde, em território nacional, a taxa de inutilização é de 8,5% (uma das menores, a nível europeu), graças à “grande adesão dos portugueses à vacinação” e à eficácia da gestão do aprovisionamento.

Entre 2020 e 2023, Portugal fechou 14 contratos com seis fornecedores de vacinas, tendo sido entregues aproximadamente 40 milhões dos 61,7 milhões de doses encomendadas e adquiridas. Desses 40 milhões, 28,5 milhões de doses foram utilizadas; 8,1 milhões foram doadas e Portugal revendeu 2,6 milhões a outros países. Portugal esperava receber este ano mais de 20 milhões de doses, mas espera agora reduzir, bem como alargar os prazos de entrega, uma vez que decorre um processo de renegociação centralizado pela UE. O “Financial Times” já adiantou que o acordo passará por alargar até 2026 as entregas previstas até ao final deste ano.

Tal como em outros Estados-membros, em Portugal, a campanha para o segundo reforço - que corresponde, na maior parte dos casos, à quarta dose - já não obteve os resultados de adesão de outrora: esta ronda de vacinação levou 79% dos idosos a partir dos 80 anos a imunizarem-se, um número que contrasta com os 97% do primeiro reforço. As pessoas com idades entre os 50 e os 59 anos mostraram uma adesão de 45%, contra os 87% do primeiro reforço. Ainda de acordo com o jornal “Público”, entre 17 e 23 de abril, foram administradas apenas uma média de 187 doses de vacina por dia na campanha de reforço.

Milhões de doses de vacinas já passaram do prazo: a Alemanha sinalizou, em janeiro, que teria 36,6 milhões de doses a expirar, e a Áustria revelou que cerca de 18 milhões não foram usadas, depois de o seu prazo ter passado.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: piquete@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas