Escolas que o ranking esconde mas que mais fazem pelos alunos

A Escola Básica e Secundária do Cerco, no Porto, chegou a ter alunos a reprovar a uma ou duas disciplinas do 12.º ano para poderem comer na escola no ano seguinte. As dificuldades económicas das famílias dão-lhes direito ao apoio da Ação Social Escolar (ASE), a única garantia de que têm uma refeição certa por dia. A realidade relatada pelo diretor da escola reflete o peso do contexto familiar na vida dos alunos e evidencia quão injusto é comparar escolas a partir das notas dos exames sem ter em conta o ambiente em que estão inseridas. Prova disso é que a Secundária do Cerco, apesar de ter uma das médias mais baixas do país, é também uma das escolas que consegue levar mais longe os alunos com dificuldades económicas, ocupando uma das posições de topo do indicador de equidade, o ranking alternativo criado pelo Ministério da Educação.

Este indicador compara a percentagem de alunos com ASE que concluíram o secundário em três anos numa determinada escola pública com a média no resto do país entre alunos com um perfil semelhante. Na Secundária do Cerco, 81% dos estudantes carenciados concluíram os três anos sem chumbar, acima da média dos colegas noutras escolas (56%). E para explicar isso a escola não tem uma receita óbvia ou uma explicação única. A direção do agrupamento atribui a boa posição sobretudo ao “cuidado na escolha dos professores” que ficam com as turmas do secundário e ao esforço em garantir apoio aos alunos na preparação dos exames. “Uma família não precisa de procurar um explicador para o filho, porque têmo-lo aqui. A isso junta-se também o nosso esforço em fazê-los acreditar na escola”, diz Manuel António Oliveira, diretor do agrupamento, que está inserido num Território Educativo de Intervenção Prioritária (TEIP) e onde mais de metade dos alunos tem carências económicas.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.