O Presidente da República afirmou esta terça-feira que o reforço dos meios de emergência médica "vai existir e é inevitável", mas colocou também o problema do lado dos hospitais, apontando o facto de algumas unidades hospitalares não terem capacidade para receber vários tipos de helicópteros.
"Há, de facto, um problema, que é, várias unidades hospitalares não estão preparadas, não é para determinado tipo de helicópteros, é para muitos helicópteros, quer dizer, de vários tipos e de vário porte", apontou. Como o Expresso noticiou, só um dos helicópteros da Força Aérea que está ao serviço da emergência médica é que pode funcionar à noite e não há nenhum heliporto hospitalar onde possa aterrar.
Interrogado se a questão não reside na inadequação dos helicópteros, em vez de nas condições das unidades hospitalares que já existiam, o chefe de Estado respondeu que há unidades que foram preparadas "para outro tempo, para outras situações, e não ajustáveis àquilo que hoje se exige de helicópteros que têm de ter meios médicos cada vez mais elevados".
Marcelo Rebelo de Sousa, que falava aos jornalistas no Palácio Fronteira, em Lisboa, depois de participar na cerimónia de entrega do Prémio Maria José Nogueira Pinto, salientou que "a Força Aérea está a desempenhar uma missão num período limitado de tempo", por "alguns meses".
"Aguarda-se um outro processo paralelo", acrescentou o chefe de Estado, referindo-se aos "meios a contratar, em termos de emergência médica, não envolvendo a Força Aérea, mas meios envolvendo o sistema de emergência médica". Marcelo Rebelo de Sousa frisou a mensagem de que "vai haver no futuro, naturalmente, mais meios do sistema de emergência médica", afirmando que esse reforço de meios "vai existir e é inevitável".
O Presidente da República enquadrou o recurso à Força Aérea como "uma solução temporária de colaboração" que surgiu "pelo facto de o reforço dos meios de emergência médica não ter ocorrido" atempadamente, "por razões de natureza administrativa ou burocrática".
"Para já, importa é que a contratação dos meios de reforço ocorra, isso é a primeira prioridade. A segunda prioridade é ir vendo como é que a Força Aérea está, com uma capacidade de resposta em vários pontos do território, quer no continente, quer nas regiões autónomas, está a fazer face a uma nova situação completamente diferente", considerou.
Segundo o Presidente da República, "a terceira questão vai ser, depois, olhar para as estruturas hospitalares e olhar para aquilo que vai ser uma utilização mais intensa, mais frequente e sistemática, que até agora não acontecia" de meios aéreos.
Interrogado se o primeiro-ministro não deve uma explicação ao país sobre a assistência às grávidas e os meios aéreos de emergência médica, Marcelo Rebelo de Sousa não respondeu diretamente à pergunta e descreveu a atual situação como "muito nova" e decorrente de uma contratação que se atrasou: "Eu aquilo que percebi, da matéria que foi apreciada, foi que houve razões da natureza burocrática que levaram a que a questão só fosse liberta pelo tribunal competente para isso no final de julho, no dia 31 de julho, e portanto começava tudo no dia 01 de agosto, era impossível ter os meios."
O Presidente da República não quis comentar a polémica em torno da leitura em voz alta de nomes de crianças de origem estrangeira pelo Chega, com a justificação de que estaria a interferir na esfera do parlamento.
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