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Ventura quer ser o “farol de estabilidade” e insiste na comissão de inquérito à Spinumviva se existirem dúvidas "graves e insustentáveis"

 André Ventura, do Chega, após ter sido recebido por Marcelo Rebelo de Sousa
André Ventura, do Chega, após ter sido recebido por Marcelo Rebelo de Sousa
ANTONIO PEDRO FERREIRA

Chega garante que quer “estabilidade”, mas que tal não pode ser atingido “à custa da luta contra a corrupção ou da integridade”. "Está nas mãos do primeiro-ministro dar esse esclarecimento", afirmou o presidente do partido

O presidente do Chega admitiu hoje avançar com uma comissão parlamentar de inquérito ao caso da Spinumviva se o primeiro-ministro não der mais esclarecimentos, alegando que permanecem dúvidas "graves e insustentáveis".

"Vamos avaliar essa situação [comissão de inquérito à Spinumviva]. Continua a haver dúvidas sobre o primeiro-ministro, que são graves e insustentáveis do ponto de vista político", disse André Ventura em entrevista à SIC transmitida no Jornal da Noite de hoje

Ventura considerou que Luís Montenegro "tem de dizer se quer dar esclarecimentos ou não" sobre o caso da sua antiga empresa, a Spinumviva, que passou aos seus filhos e que suscitou a polémica que conduziu à queda do Governo e às eleições antecipadas.

"Nós queremos estabilidade e vamos ser farol de estabilidade, mas não nos peçam para sermos farol de estabilidade à custa da luta contra a corrupção ou da integridade. Está nas mãos do primeiro-ministro dar esse esclarecimento", declarou.

Na entrevista, feita nos corredores do parlamento, voltou a afirmar que o Chega irá ter um "governo-sombra pronto para governar Portugal" constituído por "uma grande parte" de nomes de fora do partido.

Segundo o líder do Chega, isso "não é antever uma crise política", mas apenas ter um primeiro-ministro e uma equipa pronta para governar o país, quando e se for necessário.

Ventura justificou depois o recurso maioritário a figuras de fora do partido: "Os partidos devem ser forças de transformação, mas nós somos contra os 'jobs for the boys', somos contra o tacho pelo cartão partidário".

Questionado sobre a estabilidade política nos próximos quatro anos, respondeu: "o normal é a legislatura durar o tempo todo, é o que nós queremos, é o que o país deseja, mas se não acontecer quero dizer às pessoas que me sinto pronto para governar".

Sobre a moção de rejeição do programa do governo apresentada pelo PCP, o líder do Chega escusou-se a revelar como vai votar o seu partido, mas prometeu "agir com responsabilidade". "Mas vamos ser muito firmes na luta contra a corrupção e a subsidiodependência", acrescentou.

Sobre o processo de revisão constitucional que a Iniciativa Liberal anunciou que iria abrir, para rever aquilo a que chamou a estatização da economia, André Ventura admitiu envolver o Chega, designadamente para introduzir a possibilidade de prisão perpétua para alguns crimes.

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