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Mortágua acusa Chega de "jogo sujo" ao transformar ataques racistas em debate sobre imigração

Mortágua acusa Chega de "jogo sujo" ao transformar ataques racistas em debate sobre imigração
ANTÓNIO COTRIM

Bloco de Esquerda está a realizar jornadas parlamentares na Madeira, onde já decorre a pré-campanha para as eleições regionais de dia 26

A coordenadora do BE acusou esta segunda-feira o Chega de "jogo sujo" ao tentar transformar "ataques racistas" no Porto num debate sobre imigração e realçou que é com a extrema-direita que o PSD/Madeira se quer coligar. "A extrema-direita parlamentar e André Ventura estão a tentar transformar uma agressão racista num debate sobre imigração. É um jogo sujo, é um jogo cobarde, [...] que usa a criminalidade social como uma desculpa e como uma justificação para ataques racistas, criminosos e que não têm desculpa", afirmou Mariana Mortágua.

Discursando num jantar-comício, no Funchal, no âmbito jornadas parlamentares do BE, que decorrem esta segunda e terça-feira na região, a coordenadora bloquista voltou a abordar as agressões contra imigrantes que ocorreram no Porto, na madrugada de sexta-feira.

"A criminalidade social deve ser combatida, seja ela cometida por portugueses ou por imigrantes e isso não está em causa num Estado de direito. Todos temos o direito a viver em segurança, agora André Ventura [líder do Chega] não condena os crimes racistas e violentos porque o Chega os promove explicitamente com o seu discurso anti-imigração", acusou. E acrescentou: "André Ventura não condena os crimes racistas porque é no Chega que se reveem os gangues criminosos de Mário Machado e são esses gangues que André ventura legitima e reivindica com o seu discurso anti-imigração".

Mariana Mortágua reforçou que "a extrema-direita é violência, é ódio, é criminalidade" e salientou que "é com eles que o PSD/Madeira se quer coligar para se manter no poder" na região autónoma depois das eleições antecipadas de 26 de maio. "Mas não é só isso, não é só com a extrema-direita que o PSD/Madeira se quer coligar para se manter no poder, é do PSD/Madeira que eles gostam mais. Porque agora bem podem dizer que não se dão com corruptos, mas toda a gente se lembra quando o Chega andava aos pulos para entrar no Governo Regional e para fazer uma coligação com o PSD/Madeira", disse.

A coordenadora do BE apelou, perante as dezenas de militantes e apoiantes presentes no jantar, para não que "não se enganem", sublinhando que "aqueles que incitam ao ódio aos imigrantes são exatamente os mesmos que protegem e que beneficiam dos interesses financeiros, dos interesses especulativos, dos interesses irresponsáveis que fazem baixar os salários e que fazem aumentar o preço das casas".

"Aí a coligação funciona sempre, a direita entende-se sempre e o resto são joguinhos de poder. Quando é para proteger os joguinhos económicos a direita entende-se sempre", insistiu Mariana Mortágua, contrapondo que o Bloco de Esquerda "tem outra fibra" e o "compromisso com a verdade, com a igualdade e com justiça".

No seu discurso de cerca de 20 minutos, a coordenadora bloquista lembrou ainda que as jornadas parlamentares do BE centram-se nos temas da destruição ambiental, crise da habitação e corrupção, realçando que têm uma coisa em comum: "Miguel Albuquerque, o PSD/Madeira". "Todas elas estão baseadas numa mentira que foi dita aos madeirenses, aos porto-santenses, vezes e vezes sem conta, pela direita e não só, [...] que diz que aquilo que é bom para meia dúzia de grupos económicos e interesses económicos é bom para o povo e é bom para a região", acrescentou.

Mariana Mortágua deu como exemplo a construção de hotéis, os condomínios de luxo e afirmou que quem os constrói "não tem dinheiro para alugar um quarto". A bloquista voltou a enumerar as medidas do partido para combater a crise da habitação, como impor tetos às rendas, baixar os juros do crédito da habitação, alargar os prazos dos arrendamentos para cinco anos e a suspensão das licenças para hotéis.

No jantar-comício discursaram ainda a coordenadora do BE, Dina Letra, o deputado eleito à Assembleia Legislativa da Madeira e recandidato, Roberto Almada, e o deputado bloquista na Assembleia da República José Soeiro.

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