O anúncio da demissão de Miguel Albuquerque de presidente do Governo Regional da Madeira esta sexta-feira caiu bem na direção nacional do PSD: “Face à evolução da situação, e no respeito pelo povo madeirense e pela autonomia, está a tomar a melhor atitude”, diz ao Expresso uma fonte da São Caetano, manifestando alívio por a saída do líder regional poder amenizar a pressão política a que Luís Montenegro estava a ser sujeito em véspera de legislativas.
O líder do PSD, apurou o Expresso, esteve a gerir pessoalmente, a par e passo, a crise madeirense, e terá ajudado Albuquerque a perceber que tinha perdido as condições políticas para continuar. Fonte próxima do líder contextualiza que Montenegro geriu este embaraço da mesma maneira que fez com o processo do seu ex-amigo de Espinho, Pinto Moreira - arguido e depois acusado num processo de corrupção - a quem retirou a confiança política e sobre quem disse o seguinte: “Seremos intransigentes com o respeito pela lei e pela ética política”.
Miguel Albuquerque tinha reconhecido, esta quinta-feira, que o líder do PSD nacional estava “a acompanhar o caso”, mas isso em nada alterava a decisão de não se demitir, dando a entender que a saída era a opinião de Montenegro: “Mantenho a minha posição. Vou-me defender, não tenho nenhum estigma e tenho a consciência tranquila”, reafirmou em resposta aos jornalistas. Vinte e quatro horas depois, Albuquerque recuava com a alteração do quadro político, e a queda quase certa na Assembleia Legislativa Regional depois de anunciadas moções de censura do PS e do Chega e o fim do apoio do PAN.
Quando o líder regional e presidente da Mesa do Congresso do PSD foi constituído arguido, Luís Montenegro disse que, com a informação que tinha, não havia alterações no plano político, o que foi entendido com uma manifestação de confiança política: “Com a informação que temos, do ponto de vista político não há nada que mude. Não estou a dizer que a evolução do processo possa conduzir a mudanças do ponto de vista político. Neste momento, com a informação que temos, nada se alterou”.
Mas na direção do PSD, o entendimento é que a evolução da informação alterou as circunstâncias políticas, pelo que a saída de Miguel Albuquerque tirou pressão sobre Montenegro, que até à hora de publicação desta notícia ainda não tinha comentado a situação na Madeira.
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