Montenegro ao ataque: “Há um país real, que é completamente diferente do país sempre muito otimista e sorridente de Costa e Medina”
Nuno Veiga
Presidente do PSD comentou os números do Barómetro Europeu sobre Pobreza, que revela que o salário de metade dos portugueses empregados não chega para as despesas. Montenegro voltou ainda a criticar Costa pelo silêncio no Conselho de Estado de ontem
O presidente do PSD, Luís Montenegro, considerou hoje que os números do Barómetro Europeu sobre Pobreza confirmam que o "país real" é "completamente diferente" do "país sempre muito otimista" de António Costa.
"Há um país real, que é completamente diferente do país sempre muito otimista e sempre muito sorridente do doutor Costa, do doutor Medina, de todos aqueles que os acompanham no Governo", considerou, após questionado sobre os resultados do primeiro Barómetro Europeu sobre Pobreza e Precariedade, que revelam que um em cada dois portugueses empregados sente que o seu salário não cobre todas as suas despesas.
À margem de uma visita à Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Elvas, no distrito de Portalegre, no decorrer de uma ação inserida no programa 'Sentir Portugal', promovida pelo PSD.
Luís Montenegro frisou que tem vindo a alertar nos últimos meses que a pobreza está a aumentar em Portugal, situação que fica "comprovada" neste barómetro, disse.
"Tudo aquilo que venho denunciando nos últimos meses em Portugal, o empobrecimento a que temos assistido, o nivelamento por baixo que está agora comprovado neste relatório, que atesta precisamente esta incapacidade das pessoas que têm mais baixos rendimentos, trabalhando, repito, trabalhando para poder suportar as suas despesas, e também atesta a precariedade que hoje existe no nosso mercado laboral", lamentou.
"Ter um emprego não significa necessariamente ser capaz de sobreviver financeiramente", escreveu num comunicado o autor do estudo, Etienne Mercier, sublinhando que esta situação afeta mais de um terço (36%) dos trabalhadores europeus.
Costa é primeiro-ministro "doutorado em conversa"
O presidente do PSD regressou ainda às críticas ao comportamento de António Costa no Conselho de Estado de terça-feira: “Portugal precisa de um novo Governo e de um primeiro-ministro com outro sentido institucional, com outro sentido de ação política, menos concentrado na conversa, menos doutorado em conversa e muito mais empenhado em concretizações”.
Luís Montenegro, referiu-se à conduta de António Costa na reunião de Conselho de Estado considerando que constitui um "claro afrontamento", com o objetivo de criar um "conflito institucional" com o Presidente da República.
"Eu quero expressar a minha preocupação pela forma como o primeiro-ministro encara, em primeiro lugar, as responsabilidades que lhe competem no contexto do Conselho de Estado em termos de explicação daquilo que são as ações ou omissões da ação governativa", disse.
O presidente do PSD considerou que o primeiro-ministro "tem todo o direito de gostar mais ou menos das ações do Presidente" e que isso "faz parte das regras do jogo" porque "cada um tem as suas competências, cada um tem as suas funções".
"Agora, numa altura em que o senhor Presidente da República decidiu não promulgar um pacote legislativo [habitação], fundamentando a sua decisão, um primeiro-ministro responda com o amuo de ficar em silêncio numa reunião do Conselho de Estado...", lamentou.
Para o líder do PSD esta situação "é um mau sintoma", face ao país exige dos políticos e dos titulares dos órgãos de soberania.
Em Elvas, Luís Montenegro defendeu ainda a criação de uma lei de finanças para o setor social.
Portalegre é o 13.º distrito escolhido pelo presidente do PSD, na sequência do compromisso que assumiu no 40.º Congresso de passar uma semana por mês nos diferentes distritos de Portugal.
Luís Montenegro está desde domingo a percorrer os 15 concelhos que compõem aquele distrito do Alto Alentejo, terminando hoje esse périplo, em Portalegre.