Galamba está "confiante", liberais querem uma "árvore nova" e Montenegro só quis falar de coesão: as reações ao discurso de Marcelo
JOSÉ COELHO/Lusa
Liberais foram os primeiros a aproveitar a metáfora feita pelo Presidente. PS tentou evitar “questões circunstanciais” sobre o ministro que foi assobiado à chegada ao Peso da Régua
É preciso “darmos de novo viço ao que disso precisar. Plantarmos, semearmos, podarmos, cortarmos os ramos mortos que atingem a árvore toda. Recriarmos juntos, neste Douro, em todos os nossos Douros, o que faça o nosso futuro muito diferente e muito melhor do que o nosso presente”, disse o Presidente da República no discursocom que assinalou o Dia de Portugal. Com as celebrações centradas no Peso da Régua, Marcelo aproveitou as metáforas com a vinha para deixar recados, mas sem se referir a casos ou pessoas em concreto.
Marcelo Rebelo de Sousa no discurso do Dia de Portugal de 2023, no Peso da Régua
O líder da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, foi logo o primeiro a aproveitar a metáfora do Presidente sobre os “ramos mortos” que é preciso cortar das árvores para dizer que já é preciso é mudar de árvore, ou seja, de governo.
“Se entendermos estes ramos que é preciso cortar como ministro, é verdade que temos o ministro João Galamba que há muito não devia estar no Governo”, disse Rui Rocha numa declaração aos jornalistas, feita na sede da IL, no Porto. Mas, além de Galamba, continuou, “há vários ramos deste Governo que não têm condições”, nomeadamente a ministra da Agricultura e o ministro dos Negócios Estrangeiros.
“A árvore está contaminada, mais do que a poda que o Presidente recomenda, o que precisamos é de uma arvore nova”, defende Rui Rocha, para quem “o PS o Governo são uma espécie de erva daninha que ocupa tudo, que seca o país e o impede de crescer”.
Enquanto Rui Rocha falava no Porto, no Peso da Régua, João Galamba não respondia se tinha ouvido no discurso do Presidente um aviso para si, mas manifestava confiança no seu trabalho. “Facilitar a vida ao primeiro-ministro é fazer o meu trabalho, que é o que tenciono fazer”, disse o ministro sem parar, enquanto os jornalistas o interpelaram à saída da cerimónia.
“Estou confiante para fazer o meu trabalho”, afirma Galamba, salientando a satisfação por ter levado a eletrificação à Linha do Douro. Apupado e assobiado à chegada, o ministro foi dos poucos membros do Governo a marcar presença na cerimónia, já que a grande maioria dos ministros foi passar este dia no estrangeiro em celebrações junto de comunidades de emigrantes.
Sem falar em Galamba, mas querendo tirá-lo das leituras políticas, o PS, pela voz de Porfírio Silva, manifestou o seu apoio ao discurso do Presidente que “marca um 10 de junho virado para o futuro”. “O Presidente da República, não se referindo às questões circunstanciais, mas referindo-se ao essencial, transmitiu uma mensagem importante de mobilização, de persistência e de continuidade que o PS saúda vivamente”, disse o dirigente socialista, numa declaração na sede do partido, em Lisboa.
O presidente do PSD, Luís Montenegro, também não quis fazer leituras circunstanciais, preferindo salientar os princípios da “coesão territorial e geracional” como pilares essenciais do discurso do Presidente e dos desafios de Portugal. “Ocupar o território e ter capacidade de fixar os nossos jovens é um desígnio em que ninguém pode falhar”, disse Montenegro aos jornalistas que o aguardavam à saída da tribuna em que assistiu às cerimónias, na Régua. A seu lado, esteve o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto.
Questionado sobre assuntos de atualidade, como o caso Galamba e a carta que enviou ao primeiro-ministro e a que Costa já respondeu sobre os serviços de informações da República Portuguesa (SIRP), o líder social-democrata não quis comentar. “Não vou estar a falar hoje desse tipo de questões. É o Dia de Portugal, das comunidades portuguesas. Eu acredito muito no futuro de Portugal,, tenho esperança de que seremos capazes de criar riqueza e de fixar os nossos jovens”, afirmou, considerando que a necessidade de Portugal contrariar as previsões demográficas é uma “tarefa gigante”.