Partidos

Balsemão aconselha Montenegro a apresentar "propostas" e deixa crítica a Marcelo

Balsemão aconselha Montenegro a apresentar "propostas" e deixa crítica a Marcelo
TIAGO MIRANDA

Fundador do PSD foi ao aniversário do partido apontar o dedo ao “desgoverno” e lamentar que o Presidente "nem sempre consegue dar a entrada certa aos diversos solistas”. Prometeu apoiar Montenegro, em quem não votou nas diretas, mas pediu-lhe vitórias e deixou um conselho

Balsemão aconselha Montenegro a apresentar "propostas" e deixa crítica a Marcelo

David Dinis

Director-adjunto

No 49º aniversário do PSD, desta vez celebrado em Coimbra, Francisco Pinto Balsemão — o convidado e militante número 1 — deixou duras críticas ao Governo: falou de um “desgoverno em todas as áreas”, de “casos e casinhos que se acumulam e emaranham”, de “lentidão paralisante na tomada de decisões, agravada pelas demoras inaceitáveis na regulamentação de qualquer lei.”

Mas foi mais longe: acusou a “arrogância de ministras, ministros e respetivos secretárias e secretários de Estado na maneira como respondem — ou melhor, não respondem — a perguntas e solicitações que lhes são apresentadas pelas pequenas, médias ou grandes empresas, pelas associações e outras instituições da sociedade civil”. Ou de “inoperâncias para todos os gostos, desde o não aproveitamento dos fundos europeus à não regulamentação específica do PRR”, entre outras.

Mas não deixou de estender a crítica a Marcelo, numa semana em que a rutura na relação com São Bento se consumou: “Tudo isto sob a batuta de um Presidente da República que é nossa missão apoiar, mas que nem sempre consegue dar a entrada certa aos diversos solistas”, disse Balsemão.

Mas o discurso serviu para deixar conselhos a Luís Montenegro, que Balsemão não apoiou nas diretas de 2022 (antes, apelou ao voto em Moreira da Silva). O fundador do PPD/PSD pediu empenhamento do partido, não só a “desmascarar dos irritantes casos e casinhos”, mas também “na apresentação de propostas de lei sobre temas essenciais, como a cada vez mais urgente reforma do poder judicial ou as mudanças indispensáveis na lei eleitoral.”

E pôs a fasquia alta: “Temos de ganhar as próximas eleições europeias, as primeiras do calendário nacional que se seguem; Temos de preparar e ganhar as próximas eleições legislativas; Temos de saber escolher e apoiar o próximo Presidente da República."

Quanto às legislativas, “não queremos nada com a extrema-direita (lembram-se daquela canção brasileira: ‘Chega prá lá’?), mas também nada queremos com este Partido Socialista.” Para rematar assim: “Queremos ser nós próprios. Um partido social-democrata de centro-esquerda, como sempre disse, e defendeu (e atacou, quando necessário) Francisco Sá Carneiro”, porque “não basta sermos livres, quando ainda há desigualdades flagrantes no nosso país. Não conseguiremos triunfar na luta contra a desigualdade se não formos solidários com os que sofrem com as desigualdades e, portanto, não usufruem da liberdade”.

“É isto que nos separa, clara e definitivamente, de uma direita antropófaga. É isto que nos distingue de um socialismo retrógrado, estatizante, inimigo da sociedade civil e de tudo o que esta pode e deve contribuir para o bem de Portugal”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ddinis@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas