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Montenegro acusa Governo de usar Marcelo como “peão” e exige a Costa “explicações ao país” sobre a TAP

Luís Montenegro, presidente do PSD
Luís Montenegro, presidente do PSD
ESTELA SILVA/Lusa

“De que tem medo” o primeiro-ministro perante a necessidade de “prestar esclarecimentos”, perguntou o líder do PSD. E apontou “mais dois ministros moribundos” no Governo, envoltos “nas teias da promiscuidade, ao estilo DDT”, havendo uma “confusão entre Estado e PS”

“Mentira, logro, indecência, displicência, promiscuidade e desonestidade.” Numa conferência de imprensa muito adjetivada, Luís Montenegro resumiu com aqueles seis substantivos as informações reveladas durante a audição parlamentar na véspera da ainda CEO da TAP. O presidente do PSD disse esta quarta-feira, na sede do partido no Porto, que “o primeiro-ministro tem a obrigação de dar explicações ao país” e acusou o Governo de ter “uma visão instrumental” do Presidente da República e de o usar como “um peão ao serviço do PS e da sua agenda”.

Montenegro foi mais longe, lançando o desafio a António Costa para que preste “esses esclarecimentos” e “não se esconda atrás dos seus 50 assessores”. E apontou “mais dois ministros moribundos” no Governo [João Galamba e Ana Catarina Mendes], envoltos “nas teias da promiscuidade, ao estilo DDT [Donos Disto Tudo]”, havendo uma “confusão entre Estado e PS”. Mais: o Governo e o partido que o apoia têm estado “sempre empenhados em enganar o país”.

Na audição de Christine Ourmières-Widener na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à gestão da TAP, foi referido um contacto da CEO da companhia aérea com Hugo Mendes, então ainda secretário de Estado das Infraestruturas, comentando que alguém tinha pedido uma alteração de um voo em nome do Presidente da República e questionando como deveria proceder. Hugo Mendes respondeu que a TAP deveria fazer a alteração: “Não podemos perder o apoio político do Presidente. Ele é o nosso principal aliado político, mas pode transformar-se no nosso pior pesadelo”, escreveu o ex-governante, citado pelo deputado Bernardo Blanco, da Iniciativa Liberal. A mudança acabou por não ocorrer, revelou a CEO. Hugo Mendes ainda será ouvido na CPI.

O líder social-democrata falou igualmente de “uma violação da moral” e de “embustes teatrais para tentar enganar os portugueses”, acusando o Executivo de não ter “uma verdadeira preocupação com a TAP”. Aliás, “o Governo deixou a TAP a voar às cegas, sem rota e sem piloto, e com o dinheiro de todos nós”, apontou. Tal comportamento, sentenciou, “não é digno de uma democracia e expõe o Presidente da República”, instalando-se “um ambiente institucional poluído”.

Face a um Governo e a um primeiro-ministro que “só pensam na sua sobrevivência política”, acrescentou, “os portugueses merecem uma posição pública do primeiro-ministro”. Para Montenegro, Costa tem-se limitado a olhar, “de forma complacente e contemplativa, para esta situação” num “Governo infestado de ministros diminuídos politicamente”. Questionado sobre eventuais pedidos de demissões de ministros, o líder do PSD atalhou que “quem decide é o primeiro-ministro”.

Se eu for – ou melhor – quando eu for primeiro-ministro, comportamentos destes não passarão incólumes”, garantiu, insistindo em descrever “um Governo embrulhado numa situação pantanosa” e “um primeiro-ministro desprovido da sua autoridade política plena”.

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