O ex-secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira, não dará explicações na quarta-feira no Parlamento. A audição do ex-governante, agendada para as 15h30, foi cancelada a pedido do próprio, na sequência de ter sido constituído arguido no âmbito do processo “Tempestade Perfeita”.
A informação foi confirmada ao Expresso pelo presidente da comissão de Defesa, o socialista Marcos Perestrello: “O ex-secretário de Estado enviou um email esta noite aos deputados [da comissão] a apresentar as suas justificações para não estar presente", disse Marcos Perestrello, que remeteu mais explicações para quarta-feira.
Segundo a comunicação dirigida ao presidente da comissão, Capitão Ferreira entendeu "após reflexão aprofundada", que “não estão reunidas as condições necessárias para participar com um mínimo de utilidade na audição em tempos agendada para o próximo dia 12 de julho, e que em todo o caso se dirigia ao secretário de Estado em funções”. Invoca o princípio da presunção de inocência para condenar “acusações insidiosas” e frisa que terá que prestar os devidos “esclarecimentos” perante a Justiça.
O ex-secretário de Estado salienta ainda que apresentou o pedido de demissão do cargo, por considerar que "não tinha condições políticas para o exercício" das funções, após ter sido constituído arguido.
Foi na quarta-feira que foi aprovada a audição urgente de Marco Capitão Ferreira, na sequência de um requerimento do Chega sobre a alegada assinatura, em 2019, de um contrato com o Ministério da Defesa Nacional que visava a assessoria e acompanhamento à equipa de negociação dos contratos de manutenção relativos aos helicópteros EH-101 da Força Aérea, no valor de 61 mil euros.
A audição recebeu luz verde com a abstenção do PS, 48 horas antes de terem sido efetuadas buscas à residência de Capitão Ferreira e ao Ministério da Defesa e de o secretário de Estado ter sido exonerado.
Mas o PSD, Chega e IL exigiram na sexta-feira a presença de Capitão Ferreira no Parlamento e pediram mais esclarecimentos, apesar de ter sido exonerado, depois de o Expresso ter noticiado também que o secretário de Estado contratou um assessor fantasma quando foi presidente da idD Portugal Defence. Entretanto, o Chega apresentou outro requerimento a pedir explicações à ministra da Defesa e o PSD não descartou vir a pedir audições a mais governantes e ex-governantes.
Já o Presidente da República saiu na segunda-feira em defesa da realização de uma auditoria à gestão financeira das indústrias de Defesa, em “homenagem à transparência”.
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