Confirma-se: depois de ter alterado o coordenador dos trabalhos, agora o Partido Socialista mudou o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP. Lacerda Sales é o nome escolhido para substituir Jorge Seguro Sanches à frente dos trabalhos. Aliás, Seguro Sanches sai mesmo da Comissão de Inquérito.
“O Grupo Parlamentar do PS vai indicar ao Senhor Presidente da Assembleia da República o nome do Senhor Deputado António Lacerda Sales para presidir à Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP, agradecendo desde já o sentido de serviço e de missão com que aceitou este desafio que agora lhe é proposto”, indica o comunicado do grupo parlamentar divulgado esta tarde.
O grupo parlamentar socialista culpa o PSD pela decisão tomada por Seguro Sanches, que se demitiu da presidência da CPI, acusando os sociais-democratas de atentado à honra e ao caráter do deputado que presidia os trabalhos.
O comunicado socialista considera “inaceitável o ataque de caráter que foi perpetrado por um parlamentar do PPD/PSD, contra o Senhor Deputado Jorge Seguro Sanches e que é atentatório da sua integridade pessoal, da sua honra e do seu bom nome, tendo concorrido de forma determinante, como foi público, para este desfecho”.
Seguro Sanches - ex-secretário de Estado da Defesa e da Energia - já tinha admitido a sua saída quando começaram as suspeitas de uma fuga de informação na Comissão de Inquérito à TAP – caso que está agora sob averiguação comandada por Alexandra Leitão, deputada que preside à comissão de Transparência. Mas foi na reunião desta terça-feira, dia 9, que a sua continuidade foi mesmo colocada em causa.
Seguro Sanches viu-se sozinho, com o PS, a defender a realização de audições com menos tempo de perguntas para os partidos, com todos os restantes partidos a contestarem a decisão. Por isso, abandonou a reunião antes mesmo de dar início à audição do dia, ao ex-acionista da TAP Humberto Pedrosa.
“A forma como foi questionado o meu papel leva-me a questionar se continuo a ter as melhores condições para o fazer. Essa reflexão é uma reflexão que urge fazer”, declarou ontem, antes de pedir para ser momentaneamente substituído pelo vice-presidente da CPI, o deputado do PSD Paulo Rios de Oliveira.
Lacerda Sales passa de suplente a presidente
Lacerda Sales tinha chegado à CPI da TAP apenas em abril, dois meses depois do arranque dos trabalhos, para substituir Carlos Pereira, o deputado que coordenava os socialistas na iniciativa parlamentar. Quem ficou como coordenador dos trabalhos foi o deputado Bruno Aragão, mas, agora, com a saída de Seguro Sanches, Lacerda Sales é chamado a presidente.
O PS escolheu um presidente e terá também de selecionar um novo deputado, já que Seguro Sanches não só renunciou à presidência como também ao seu assento na comissão. São já duas susbtituições em dois meses de trabalho.
Seguro Sanches pede rapidez…
Depois de ontem ter abandonado os trabalhos, Seguro Sanches também já não apareceu na reunião desta quarta-feira, tendo pedido a Paulo Rios de Oliveira, deputado social-democrata que é vice-presidente da CPI, para presidir à comissão. Só que entretanto, chegou à sala 6 do Parlamento a carta de demissão de Seguro Sanches e a carta do grupo parlamentar do PS a propor Lacerda Sales.
Rios de Oliveira leu a carta de demissão enviada ao presidente da Assembleia, Augusto Santos Silva, em que Seguro Sanches pediu escusa imediata, dizendo que a “forma como foi questionada” a sua “seriedade” motivou a renúncia. Em causa referiu a grelha de tempos, já que foi esse o motivo da discordância fulcral: Seguro Sanches e o PS queriam audições mais pequenas, exceto para os governantes, os restantes partidos contestaram.
Nessa nota, Seguro Sanches sublinhou a vontade socialista de os trabalhos da CPI terminarem com alguma pressa (o prazo vai até dia 23 de maio, terá de haver prolongamento, mas ainda não é certo até onde vai – pode ser prolongada até ao máximo de mais de 90 dias). Disse que era seu objetivo assegurar o fim dos trabalhos “o mais rapidamente possível”, dizendo que foi por discordância dos partidos que não se estenderam as audições (atualmente a realizar-se entre terça e quinta-feira) aos restantes dias da semana. Seguro Sanches deu a entender que considera que “agendas pessoais e partidárias” estão a colocar-se acima dos interesses do Parlamento.
“O interesse nacional exige rapidez”, frisou o líder demissionário da CPI.
… Lacerda Sales também
Mas o seu substituto também o referiu quando tomou posse. “Tenho a noção da responsabilidade que esta função representa e por isso é nosso objetivo fzer com que esta comissão termine o mais rapidamente possível, mas que se esclareça toda a verdade sobre a gestão política da TAP”, declarou o António Lacerda Sales.
O socialista que preside aos trabalhos prometeu “fazê-lo de forma isenta, transparente e imparcial, para que seja alcançada toda a verdade sobre a tutela política da TAP”.
Em atualização
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