Liberais e Chega querem ouvir ministra da Defesa e Gouveia e Melo sobre caso com navio da Marinha

Os dois partidos juntam-se ao PSD que também já pediu esclarecimentos à ministra da Defesa.
Os dois partidos juntam-se ao PSD que também já pediu esclarecimentos à ministra da Defesa.
A Iniciativa Liberal (IL) e o Chega pediram a audição parlamentar urgente da ministra da Defesa Nacional e do chefe do Estado-Maior da Armada para esclarecer "quais as motivações e causas materiais" que levaram 13 militares a recusar embarcar no navio Mondego. Estes partidos junta-se, assim, ao PSD, que tinha já pedido a audição de Helena Carreiras. Tanto a IL como o Chega admitem que as audições venham a decorrer à porta fechada.
"Não sendo a primeira vez que são reportados casos graves e persistentes de avarias nos navios da Marinha, como foi o caso ocorrido num dos motores da Fragata Bartolomeu Dias (F 333), e sendo do conhecimento público que a Marinha este ano terá menos 33 milhões de euros para manutenção de navios (um défice de 41% face às necessidades), importa esclarecer qual é o real estado dos navios da Marinha Portuguesa e as reais necessidades financeiras necessárias para que situações" como esta "não se voltem a repetir", sustenta o Chega no seu requerimento.
O mesmo partido considera que "estas situações gritantes, infelizmente cada vez mais recorrentes, de escassez de meios e recursos financeiros nas Forças Armadas, para além de colocar em causa a Defesa Nacional, geram cada vez mais uma enorme desconfiança e descrédito perante os nossos parceiros e aliados".
"Perante o estado atual em que se encontram as Forças Armadas, com recorrentes acontecimentos que apontam para uma degradação de equipamentos e falta de condições para os recursos humanos, e com vista a esclarecer este episódio, o Grupo Parlamentar da Iniciativa Liberal vem requerer a audição da Sr.ª Ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, e do Chefe do Estado-Maior da Armada, Henrique Gouveia e Melo, salvaguardando a possibilidade de a mesma ser feita à porta fechada, caso o nível de classificação ou sensibilidade dos assuntos em questões assim o justifiquem", pode ler-se no requerimento da IL a que a agência Lusa teve acesso.
"Atendendo a que o presente episódio apresenta uma situação grave de insubordinação, especialmente numa missão com elevada relevância, importa saber quais as motivações e as causas materiais que conduziram a uma atitude tão drástica por parte dos 13 militares", prossegue o mesmo requerimento.
Para a IL, este caso "apresenta grandes consternações a vários níveis", nomeadamente "na responsabilidade das Forças Armadas portuguesas para com os seus parceiros militares, pondo em causa as capacidades de Portugal em assegurar o seu papel ao nível da defesa externa, pelo que o seu esclarecimento afigura-se necessário à clarificação das condições em que as forças armadas executam as suas funções".
A Marinha vai avançar com processos disciplinares aos 13 militares que se recusaram a embarcar no NRP Mondego e remeteu à Polícia Judiciária Militar informação sobre o incidente, disse à Lusa o ramo. O ramo ordenou uma inspeção às condições de segurança do NRP Mondego, disse à Lusa fonte da Armada, que também confirmou que os 13 militares revoltosos serão substituídos.
De acordo com um documento elaborado pelos militares em questão, a que a Lusa teve acesso, o próprio comandante do NRP Mondego "assumiu, perante a guarnição, que não se sentia confortável em largar com as limitações técnicas" do navio. Entre as várias limitações técnicas invocadas pelos militares constava o facto de um motor e um gerador de energia elétrica estarem inoperacionais.
Esta ação levou a Marinha a considerar que os 13 operacionais "não cumpriram os seus deveres militares, usurparam funções, competências e responsabilidades não inerentes aos postos e cargos respetivos". O ramo confirmou que o NRP Mondego estava com "uma avaria num dos motores", mas referiu que os navios de guerra "podem operar em modo bastante degradado sem impacto na segurança", uma vez que têm "sistemas muito complexos e muito redundantes".
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