Em visita oficial à China, Luís Montenegro expressou gratidão pelo apoio económico e apelou a Xi Jinping para interceder pela paz na Ucrânia, enquanto o Presidente chinês elogiou Portugal como um "bom amigo" e destacou o papel de ex-primeiros-ministros portugueses
O Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, afirmou esta terça-feira que “Portugal é um bom amigo da China”, expressando ser “um prazer” conhecer o primeiro-ministro português, Luís Montenegro. Xi Jinping recordou a sua visita de Estado a Portugal em 2018, que lhe deixou uma "bela impressão e profunda", e solicitou que Montenegro transmitisse "sinceros cumprimentos" ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O líder chinês destacou o "papel importante e singular" de Portugal no palco internacional, com um povo que possui "idiossincrasia, abertura, inclusão, progresso e autonomia". Adicionalmente, elogiou o papel internacional desempenhado pelos ex-primeiros-ministros portugueses António Guterres (atual Secretário-Geral das Nações Unidas), Durão Barroso (ex-Presidente da Comissão Europeia) e António Costa (Presidente do Conselho Europeu), com quem mantém "boas relações". Xi Jinping referiu ainda que os dois países resolveram "de forma adequada a questão de Macau, através de negociações amistosas" e que Portugal foi o primeiro país da Europa Ocidental a assinar atos de cooperação no âmbito da iniciativa "Uma faixa, uma rota", sendo também o primeiro da Zona Euro a emitir títulos na moeda chinesa.
No seu primeiro dia de visita oficial, Luís Montenegro apelou a Xi Jinping para que use a “relação próxima que a China mantém com a Federação Russa” para "construir uma paz justa e duradoura na Ucrânia". As declarações foram feitas no início do encontro entre os dois líderes no Grande Palácio do Povo, onde os jornalistas só puderam registar os primeiros três minutos. O primeiro-ministro português sublinhou o "papel fundamental, no contexto global e internacional", da China, como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, expressando a esperança de que Pequim contribua para "construir pontes entre povos, aproximar alguns daqueles que se encontram em conflito, promover a paz, promover o multilateralismo, promover o respeito pelos direitos humanos".
Além do apelo pela paz, Luís Montenegro aproveitou o encontro para expressar a gratidão de Portugal pelo apoio chinês durante a crise financeira. “Ao nível da nossa cooperação económica bilateral, é meu dever dizer-lhe que não nos esquecemos, pelo contrário, temos muito bem presente e respeitamos a aposta que a China desenvolveu na economia portuguesa, num dos momentos mais críticos do nosso país”, afirmou. Montenegro concordou com Xi Jinping que os dois países reforçaram laços em vários setores, como a energia, a banca, a saúde e o abastecimento de água, com a convicção de que "podemos continuar a trilhar esse caminho, na base da confiança".
A visita de Luís Montenegro à China, que se estende por dois dias e passará por Macau, teve início com a sua chegada a Pequim, na segunda-feira, seguida de uma agenda oficial que incluiu uma cerimónia de deposição de uma coroa de flores no Monumento aos Heróis do Povo, na Praça Tiananmen, acompanhado pela mulher e pelos ministros Paulo Rangel, Manuel Castro Almeida e Graça Carvalho. Antes do encontro com Xi Jinping, Montenegro reuniu-se com o presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji, e terá ainda hoje um encontro de trabalho com o homólogo chinês, Li Qiang. Após a sua passagem por Macau, o primeiro-ministro seguirá para uma visita oficial ao Japão, com estadias em Tóquio e Osaka até sexta-feira.
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