
Primeiro-ministro responde ao líder do PS e acusa-o de não querer convergências. Se não as houver, promete governar sozinho. “Não é arrogância, é pura responsabilidade”
Primeiro-ministro responde ao líder do PS e acusa-o de não querer convergências. Se não as houver, promete governar sozinho. “Não é arrogância, é pura responsabilidade”
João Diogo Correia, em Estocolmo
Jornalista
Uma resposta direta ao líder da oposição e um aviso ao país político. “Mesmo que não haja convergência, nós vamos governar”, disse esta quinta-feira Luís Montenegro, quando questionado sobre a necessidade de diálogo e de negociações de medidas entre o Governo, que é minoritário, e a oposição.
Ao lado do primeiro-ministro estava, numa “confluência e coincidência”, o Presidente da República, que tem apelado à “estabilidade política”, para impedir que o país mergulhe numa nova crise. Montenegro e Marcelo Rebelo de Sousa foram à Feira da Agricultura, em Santarém, onde o primeiro-ministro lembrou a promessa que fez em campanha - “só governo se vencer as eleições” - para justificar a ideia de que pode avançar mesmo sem acordos com outros partidos. “Queria que fosse assim [ficar em primeiro] para estar legitimado para decidir em nome dos portugueses.”
A mensagem é sobretudo para o PS e para o líder da oposição, Pedro Nuno Santos, que esta quarta-feira, acusou o Executivo de fazer propaganda para criar a “falsa ideia de estar a governar” e de usar as autorizações legislativas (em vez de apresentar propostas de lei) como uma forma de contornar os poderes do Parlamento.
Questionado sobre essa estratégia, Montenegro carregou na resposta. “Acha mesmo que as pessoas querem saber?”, perguntou aos jornalistas na Feira. “Acha mesmo que os portugueses querem saber se é autorização legislativa ou proposta de lei? Eu pergunto se é nisto que se concentram os agentes políticos”.
Para o primeiro-ministro, falar nas autorizações legislativas é “uma visão excessivamente tecnocrata da política”, que tira a atenção do essencial, onde diz estar a concentrar-se. “O essencial é dar resposta às pessoas e isso é governar e é responsabilidade do Governo”.
Fechado o capítulo das eleições europeias, as acusações de intransigência e falta de abertura continuam a ser trocadas entre a AD e o PS, como aconteceu no último plenário na Assembleia da República.
O aviso em tom de ameaça deixado agora por Montenegro, prometendo governar mesmo sem acordos, “não se confunde com arrogância, é pura responsabilidade”, defende o primeiro-ministro. Porquê? Porque “o Governo tem dialogado sempre”, mas “não pode obrigar as oposições que não têm vontade política de materializar esse diálogo em convergência”.
Esta sexta-feira há Conselho de Ministros em que será anunciado um pacote de medidas corretivas para o uso da água. Foi o próprio Montenegro a anunciá-lo na mesma sequência de perguntas, com o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, também a acompanhá-lo.
A ideia é “aliviar as restrições que estão sobre a agricultura, turismo e consumo humano” de água, adiantou Montenegro, recuperando um anúncio feito em maio sobre um projeto chamado ‘A Água que Une’, para o “planeamento e gestão estratégica desse recurso, potenciando a sua boa utilização e armazenamento”.
A reunião do Conselho de Ministros começa às 9h, na residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa.
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