Para garantir que se trata de um Governo de “diálogo”, a AD incluiu 60 medidas de outros partidos com assento parlamentar no seu programa de Governo, apresentado esta quarta-feira, dia 10, no Parlamento. A maioria das medidas transitam do programa eleitoral do PS (32), mas há também 13 do Chega, seis da Iniciativa Liberal, três do Livre, três do Bloco de Esquerda, duas do PAN e uma do PCP. “É programa de mudança, mas é também um programa de diálogo”, lançou António Leitão Amaro, ministro da Presidência, minutos depois de o documento ser entregue nas mãos no recém-eleito presidente da Assembleia da República. Ainda assim, e como seria de prever, a maioria das medidas aceites não constam das prioridades dos partidos de oposição.
Do maior partido da oposição, a AD retirou medidas nas áreas da imigração, impostos, justiça e forças de segurança. Além da redução de 20% das tributações autónomas sobre as viaturas das empresas - anunciado por Leitão Amaro na apresentação do programa - a AD acolheu outras 31 medidas socialistas como "potenciar utilização de autoestradas em territórios de baixa densidade", reintegrar a AICEP no Ministério da Economia ou lançar o Programa Capitalizar +, uma medida que transita do executivo de António Costa. Até agora, o PS foi o único que ainda não reagiu ao programa da AD.
Apesar do ‘não é não’ de Luís Montenegro, também o Chega tem mais de uma dezena de medidas incluídas. São em áreas como a Defesa ou a Segurança, mas deixam de fora as propostas mais radicais do partido e apostam apenas em medidas como “aperfeiçoar os mecanismos de reinserção dos militares na vida civil” ou implementar medidas para a criação de um “ecossistema amigo das empresas do setor da Defesa”. Mas como medida proposta pelo Chega, o Governo elenca uma medida com a qual o próprio Montenegro se tinha comprometido em campanha eleitoral: decisão rápida sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ddinis@expresso.impresa.pt