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Costa diz que Guterres tem sido "exemplar", Marcelo faz nota de apoio

António Costa e António Guterres na Conferência dos Oceanos da ONU, em Lisboa
António Costa e António Guterres na Conferência dos Oceanos da ONU, em Lisboa
TIAGO PETINGA/LUSA

Secretário-geral da ONU tem estado sob ataque de Israel depois de discurso no Conselho de Segurança

O primeiro-ministro português enviou uma mensagem de solidariedade ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, considerando que, perante a "tragédia humanitária", tem sido "exemplar" na afirmação humanista do Direito Internacional. Esta mensagem de António Costa surge na sequência do discurso que António Guterres proferiu na terça-feira, numa reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, em que afirmou que "é importante também reconhecer que os ataques do Hamas não aconteceram num vácuo" - uma posição que levou Israel a pedir a sua "imediata demissão" do cargo de secretário-geral da ONU.

Entretanto, também o Presidente da República expresso publicamente o seu apoio a António Guterres. “O Presidente da República, que sempre interpretou as sucessivas declarações do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, proferidas desde o injustificável ataque do Hamas em Israel, como sendo conformes à salvaguarda dos valores e princípios decorrentes da Carta das Nações Unidas, reitera esse seu entendimento quanto às declarações de ontem e de hoje [terça e quarta-feira]", escreveu Marcelo Rebelo de Sousa numa notapublicada no site da Presidência.

Antes, em declarações à agência Lusa, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, também se manifestou solidário com António Guterres, afirmando que Portugal "compreende e acompanha" a posição do secretário-geral das Nações Unidas sobre o conflito entre Israel e o Hamas. "Compreendemos e acompanhamos inteiramente a posição de António Guterres, que foi inequívoco quando condenou o terrorismo do Hamas, que é absolutamente inaceitável. Foi absolutamente cristalino na análise que fez", declarou João Gomes Cravinho, que lamentou a polémica entre o Governo de Israel e o secretário-geral da ONU.

Na terça-feira, na abertura de uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), numa intervenção em inglês, António Guterres considerou que "é importante também reconhecer que os ataques do Hamas não aconteceram num vácuo", acrescentando que "o povo palestiniano tem sido submetido a 56 anos de ocupação sufocante". António Guterres defendeu que "as queixas do povo palestiniano não podem justificar os ataques terríveis do Hamas", assim como "esses ataques terríveis não podem justificar a punição coletiva do povo palestiniano".

No início da sua intervenção, o secretário-geral da ONU referiu que condena "inequivocamente os atos de terror horríveis e sem precedentes do Hamas em Israel" e disse que "nada pode justificar a morte, os ferimentos e o rapto deliberados de civis -- ou o lançamento de foguetes contra alvos civis".

Na mesma reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Eli Cohen, acusou António Guterres de estar desligado da realidade e de mostrar compreensão pelo ataque do Hamas de 7 de outubro com um "discurso chocante".

Na rede social X, ex-Twitter, o embaixador israelita na ONU, Gilled Erdan, pediu a demissão imediata de António Guterres das funções de secretário-geral desta organização. Esta quarta-feira, Gilled Erdan anunciou a decisão de Israel de não conceder vistos a representantes da ONU, numa entrevista à Rádio do Exército israelita.

Nota: notícia atualizada às 16h40, com nota da Presidência

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