Há dias em que a vida se bifurca, quando seguir pelo caminho indesejado abre horizontes que não havia no caminho preferido. Foi o que aconteceu a Henrique Gouveia e Melo numa terça-feira, 2 de fevereiro de 2021, data decisiva que lhe definiu o destino. Oficial-general de três estrelas, o vice-almirante ainda tinha uma ambição: chegar a chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), para revolucionar o ramo naval com as suas ideias sobre submarinos e porta-drones para uma Marinha “disruptiva” e significativa. Mas não foi isso que aconteceu. Ou pelo menos não foi isso que aconteceu logo. Naquele dia — com o país a fechar-se no segundo confinamento, com as infeções e as mortes por covid-19 a disparar — convocaram-no para coordenar um gigantesco processo inédito. Ao mesmo tempo soube da recondução do almirante Mendes Calado por mais dois anos na chefia da Marinha. O caminho mais desejado fechava-se. E a estrada menos ambicionada impunha-se: era chamado para organizar uma megaoperação, nunca experimentada, para vacinar nove milhões de portugueses o mais depressa possível.
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