Por que razão emigram os talentos que formamos nas universidades nacionais? É um problema de salários? Faltam projetos e empresas aliciantes? Falham as oportunidades de desenvolvimento e progressão? É um pouco de tudo isto. Mas é sobretudo uma desvalorização do real impacto económico da felicidade no trabalho, defendem Ricardo Parreira, presidente da PHC Software, e Sofia Manso, CEO da Academia da Felicidade, a quem o Expresso desafiou para vestirem a pele de ministros da Felicidade no Trabalho e traçar o diagnóstico de onde continua a falhar o país em matéria de política laboral.
“Há estudos que o comprovam: uma pessoa que seja infeliz no trabalho, produz em média menos 37%”, aponta Ricardo Parreira, acrescentando, “temos um desvio muito grande entre quem está feliz e quem está infeliz”. E isso, vinca, num país onde a produtividade é baixa, deveria ser suficiente para fazer soar os alarmes e levar as empresas a investir na promoção da felicidade das suas equipas.
Para isso, é preciso aumentar salários, “porque o salário médio é uma vergonha e essa é a primeira área onde temos de atuar”, aponta Ricardo Parreira. Mas também formar as lideranças “que se querem mais humanizadas”, vinca Sofia Manso. E, simultaneamente, operar uma transformação profunda na cultura organizacional que promova a progressão real na carreira. “Estamos a perder talento para empresas estrangeiras, porque não estamos a proporcionar aos nossos trabalhadores bem-estar, não só financeiro como emocional”, sublinha.
Ao longo da conversa com o Expresso, os dois especialistas falaram ainda do desafio de aumentar a produtividade nacional, da redução do tempo de trabalho, do chamado “salário emocional” e da importância de qualificar os gestores nacionais.
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