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Europeias 2024

Europeias: as posições pró-russas do cabeça de lista do Chega são um embaraço para Ventura? “Pode ser uma fonte de desconforto”

Europeias: as posições pró-russas do cabeça de lista do Chega são um embaraço para Ventura? “Pode ser uma fonte de desconforto”
João Girão

Tânger Corrêa, cabeça de lista pelo Chega às eleições europeias de junho, não chegará a ser um problema para os eleitores do Chega, de acordo com André Azevedo Alves: “A política externa tende a pesar muito pouco”. Mas as suas considerações pró-Rússia e o alinhamento do partido no grupo mais favorável ao Kremlin escondem, segundo o politólogo, a intenção que André Ventura tem de unir toda a direita europeia e de fazer-se equivaler a Orbán como grande patrono de uma aliança conservadora

Quando, ao despedir-se em Bruxelas de altos representantes europeus, António Costa afastou a direita radical portuguesa do euroceticismo, referia-se a André Ventura, mais do que ao partido que lidera como figura absolutamente dominante. "Ao contrário de outros partidos de extrema-direita na Europa, o Chega nunca fez campanha contra a UE", apontou Costa, mencionando ainda a concordância, desde a primeira hora, que o Chega mostrou em relação ao apoio prestado pelos 27 à Ucrânia. Não o fez pensando em António Tânger Corrêa, o cabeça de lista apontado pelo Chega às europeias, e que foi revelado por Ventura na segunda-feira.

Foram conhecidas as posições críticas de Kiev que o antigo cônsul-geral de Portugal em Goa e no Rio de Janeiro e embaixador português em vários países partilhou nas redes sociais (e que já não se encontram disponíveis). Numa das ocasiões, falou nas “muitas decisões erradas de Kiev” e num “‘cerco’ da Rússia ao Ocidente”. O também vice-presidente do Chega – que, contactado pelo Expresso, remeteu esclarecimentos para mais tarde, destacando que “é preciso completar todo o programa” – foi ainda mais longe, admitindo: “Também não compreendo o coro de lamentações que se ergue da parte daqueles que não se indignaram quando os Estados Unidos e seus aliados e a NATO atacaram, invadiram e ocuparam, sob falsos pretextos, territórios a milhares de quilómetros de distância, como foi o caso da Jugoslávia, do Afeganistão, do Iraque e da Líbia, para só referir os mais recentes.”

Apropriando-se de frases alheias, também chega a apontar o dedo ao chefe de Estado ucraniano: “O Governo do Presidente Zelensky (e dos seus acompanhantes) ignorou voluntariamente a conjuntura do país, optando por um alinhamento com Washington e apoiando-se em elementos oriundos de forças estranhas, incluindo confessados nazis, como os membros do Batalhão de Azov.” Nos seus textos, foram ainda feitas referências a oito anos de "provocações e agressões a cidadãos considerados pró-russos, sem qualquer reação do Governo central”.

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