Eleições na Madeira 2023

Nuno Melo deixou negociação nas mãos de Albuquerque, mas preferia acordo com liberais

Nuno Melo deixou negociação nas mãos de Albuquerque, mas preferia acordo com liberais
HOMEM DE GOUVEIA

Líder do CDS tinha deixado as negociações completamente entregues ao líder do PSD-Madeira e tinha dito que não ia emitir opinião, mas agora reconhece que está mais próximo da IL e que o PAN é um partido que o CDs combate

O presidente do CDS-PP assinalou esta terça-feira que o acordo de incidência parlamentar na Madeira foi fechado entre PSD e PAN, "processo [que] passou à margem" dos centristas, e apontou que teria preferido um entendimento com a Iniciativa Liberal. Em declarações à Lusa, Nuno Melo afirmou que a solução "resulta de um entendimento do PSD/Madeira com o PAN, no qual o CDS não participou", sendo o "acordo do presidente do Governo Regional".

Melo, contudo, tinha deixado completamente nas mãos de Miguel Albuquerque a decisão de como e com quem fazer um compromissos que garanta a estabilidade da legislatura, depois de a coligação PSD-CDS ter perdido a maioria absoluta. "Num meio eleitoral pequeno como o da Madeira, [há] sempre circunstâncias particulares e pessoais que se jogam nas dinâmicas de campanha e políticas que podem, para além da questão estritamente ideológica, justificar opções. Essa avaliação comete a quem lidera esta coligação, que é o doutor Miguel Albuquerque, e que eu respeitarei sem emitir, a esse propósito, opinião", tinha afirmado o líder do CDS na segunda-feira.

Um dia depois, Nuno Melo emitiu opinião e disse que, "obviamente, no que depender do CDS, entre a opção pelo PAN ou a Iniciativa Liberal, a opção é pela Iniciativa Liberal". "Para o CDS a nível nacional, o PAN é um partido que não tem nada que ver com o CDS do ponto de vista ideológico e que o CDS combate", salientou, considerando que "o CDS está mais próximo da IL do que do PAN".

"Apesar disso, admito que as circunstâncias regionais num espaço territorial pequeno e onde as pessoas se conhecem, aspetos pessoais possam ter tido peso numa decisão cujos contornos eu desconheço, porque não participei nela", ressalvou o eurodeputado. O líder do CDS-PP afirmou que "o processo passou à margem do CDS", partido que "não foi parte das conversações", que decorreram entre PSD e PAN.

O presidente do CDS-PP assinalou igualmente que o partido liderado por Inês de Sousa Real, e que elegeu uma deputada regional, "não está no Governo Regional da Madeira". "Do Governo apenas fazem parte PSD e CDS-PP", realçou. O líder centrista apontou ainda que as estruturas regionais dos partidos "têm estatutos próprios, são autónomas", e tomam decisões "sem a intromissão dos partidos a nível nacional".

Nuno Melo considerou ainda que "as matérias que foram tornadas públicas relativas ao acordo entre PSD e PAN de incidência parlamentar são matérias inócuas que dificilmente seriam recusadas por qualquer partido na Assembleia Legislativa" da Região Autónoma da Madeira e algumas medidas acordadas "já faziam parte do programa da coligação".

A coligação Somos Madeira (PSD/CDS-PP) venceu no domingo as eleições legislativas regionais da Madeira, mas falhou por um deputado a maioria absoluta, para a qual é necessário ter 24 dos 47 lugares do parlamento do arquipélago.

A deputada eleita do PAN, Mónica Freitas anunciou hoje que assinou um acordo de incidência parlamentar de quatro anos com a coligação PSD/CDS-PP, viabilizando assim uma maioria absoluta no hemiciclo.

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