O presidente do CDS-PP assinalou esta terça-feira que o acordo de incidência parlamentar na Madeira foi fechado entre PSD e PAN, "processo [que] passou à margem" dos centristas, e apontou que teria preferido um entendimento com a Iniciativa Liberal. Em declarações à Lusa, Nuno Melo afirmou que a solução "resulta de um entendimento do PSD/Madeira com o PAN, no qual o CDS não participou", sendo o "acordo do presidente do Governo Regional".
Melo, contudo, tinha deixado completamente nas mãos de Miguel Albuquerque a decisão de como e com quem fazer um compromissos que garanta a estabilidade da legislatura, depois de a coligação PSD-CDS ter perdido a maioria absoluta. "Num meio eleitoral pequeno como o da Madeira, [há] sempre circunstâncias particulares e pessoais que se jogam nas dinâmicas de campanha e políticas que podem, para além da questão estritamente ideológica, justificar opções. Essa avaliação comete a quem lidera esta coligação, que é o doutor Miguel Albuquerque, e que eu respeitarei sem emitir, a esse propósito, opinião", tinha afirmado o líder do CDS na segunda-feira.
Um dia depois, Nuno Melo emitiu opinião e disse que, "obviamente, no que depender do CDS, entre a opção pelo PAN ou a Iniciativa Liberal, a opção é pela Iniciativa Liberal". "Para o CDS a nível nacional, o PAN é um partido que não tem nada que ver com o CDS do ponto de vista ideológico e que o CDS combate", salientou, considerando que "o CDS está mais próximo da IL do que do PAN".
"Apesar disso, admito que as circunstâncias regionais num espaço territorial pequeno e onde as pessoas se conhecem, aspetos pessoais possam ter tido peso numa decisão cujos contornos eu desconheço, porque não participei nela", ressalvou o eurodeputado. O líder do CDS-PP afirmou que "o processo passou à margem do CDS", partido que "não foi parte das conversações", que decorreram entre PSD e PAN.
O presidente do CDS-PP assinalou igualmente que o partido liderado por Inês de Sousa Real, e que elegeu uma deputada regional, "não está no Governo Regional da Madeira". "Do Governo apenas fazem parte PSD e CDS-PP", realçou. O líder centrista apontou ainda que as estruturas regionais dos partidos "têm estatutos próprios, são autónomas", e tomam decisões "sem a intromissão dos partidos a nível nacional".
Nuno Melo considerou ainda que "as matérias que foram tornadas públicas relativas ao acordo entre PSD e PAN de incidência parlamentar são matérias inócuas que dificilmente seriam recusadas por qualquer partido na Assembleia Legislativa" da Região Autónoma da Madeira e algumas medidas acordadas "já faziam parte do programa da coligação".
A coligação Somos Madeira (PSD/CDS-PP) venceu no domingo as eleições legislativas regionais da Madeira, mas falhou por um deputado a maioria absoluta, para a qual é necessário ter 24 dos 47 lugares do parlamento do arquipélago.
A deputada eleita do PAN, Mónica Freitas anunciou hoje que assinou um acordo de incidência parlamentar de quatro anos com a coligação PSD/CDS-PP, viabilizando assim uma maioria absoluta no hemiciclo.
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