Diz que perdoa tudo, mas não esquece nada. Talvez por isso, sem precisar que lhe perguntem, faz referências a algumas pessoas com quem teve embates ao longo da vida política, mesmo (ou sobretudo) as do seu partido, o PSD.
Fá-lo nas palavras e nos atos. Alberto João Jardim recebeu o Expresso na casa onde nasceu, que hoje usa sobretudo como escritório (é presidente do Instituto Autonomia e Desenvolvimento da Madeira), e que está repleta de fotografias de encontros que teve ao longo da vida, com pessoas próximas da sua área política e do seu gosto pessoal - de Cavaco Silva e Durão Barroso a Jacques Chirac - e de mais distantes, de Mário Soares (“sempre nos demos bem”) a Hugo Chávez (”este que está lá agora [Nicolás Maduro] não conheço nem quero conhecer”). E outros, como Pedro Passos Coelho?, arrisca o Expresso. “Quem não está é porque não merece estar.”
Presidente do Governo regional durante praticamente 40 anos, diz-se satisfeito com a vida que leva hoje - “estou como o [Pablo] Neruda: confesso que vivi” - e vai encandeando as histórias umas nas outras. Conta que esta casa, no centro do Funchal, numa rua com nome autoexplicativo, “Quebra Costas”, foi herdada dos avós, bombardeada na 1ª Guerra Mundial e que tem detalhes que contam histórias da família, como os ferros a tapar a janela do quarto que foi da sua mãe. “O meu avô, quando soube que ela namorava, disse ‘podem namorar, mas só através das grades'”.
A conversa era para ser sobre as eleições da próxima semana da Madeira, mas passou por Cavaco, Marcelo, Passos, Durão. E como Alberto João vê a direita hoje.
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