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CEMGFA participou em encontro sobre missão na Ucrânia, mas recusa confirmar presença na reunião de Macron com chefes militares de 33 países

CEMGFA participou em encontro sobre missão na Ucrânia, mas recusa confirmar presença na reunião de Macron com chefes militares de 33 países
Horacio Villalobos

O general Nunes da Fonseca participou na reunião em Paris, convocada pelo Presidente francês para se planear o envio de uma força de paz para Ucrânia, mas o seu gabinete não quis confirmar. Luís Montenegro já tinha admitido a possibilidade de Portugal participar com tropas no terreno

CEMGFA participou em encontro sobre missão na Ucrânia, mas recusa confirmar presença na reunião de Macron com chefes militares de 33 países

Vítor Matos

Jornalista

Depois de várias reuniões europeias ao mais alto nível em que Portugal não esteve presente - sobre a guerra na Ucrânia e o novo posicionamento dos Estados Unidos -, o Estado-Maior General das Forças Armadas recusou confirmar a participação do general Nunes da Fonseca numa reunião com o Presidente francês, Emmanuel Macron, esta terça-feira, em Paris, que juntou 33 chefes militares máximos de países da União Europeia, da NATO e do Pacífico - sem a presença dos Estados Unidos. O Expresso confirmou a presença do chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) junto de fontes governamentais, uma vez que a porta-voz do CEMGFA tenente-coronel Susana Pinto apenas respondeu: “Relativamente a este tema, não tenho informação para transmitir e é expectável que não venha a ter a curto prazo." (É possível, no entanto, identificar o general Nunes da Fonseca nestas imagens da Reuters).

A meio da tarde desta quinta-feira, o EMGFA fez um comunicado às redações a confirmar a presença do general Nunes da Fonseca na reunião "para discutir opções que assegurem a defesa do continente europeu e promovam uma paz duradoura na Ucrânia".

No contexto das negociações dos Estados Unidos com a Rússia em Jeddah, Arábia Saudita, para um cessar-fogo de um mês na Ucrânia, Emmanuel Macron quis garantir que a Europa estava pronta para dar uma resposta rápida para enviar tropas para o terreno, através de um “plano credível com garantias de segurança” para a Ucrânia, fez saber a Presidência francesa, citada pela imprensa internacional.

Há uma semana, quando ainda estava em efetividade de funções - o Governo entrou em gestão com o chumbo da moção de confiança esta terça-feira -, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, admitiu a participação de Portugal numa força multinacional de paz na Ucrânia: "Se houver um processo de paz com o envolvimento da Europa e, numa segunda fase, para assegurar as garantias de segurança, se for necessário que haja tropas no terreno e que os parceiros europeus as constituam, Portugal estará naturalmente disponível, como tem estado noutros teatros de operações, do lado daqueles que garantem a paz", disseaos jornalistas após um Conselho Europeu, em Bruxelas.

A reunião em Paris juntou países da União Europeia e membros da NATO que não fazem parte da UE, como o Reino Unido ou a Turquia e ainda Austrália, Nova Zelândia e o Japão.

Segundo informações do Palácio do Eliseu citadas pela imprensa francesa, Macron disse aos chefes militares que “face à aceleração das negociações de paz”, é preciso “passar dos conceitos a um plano para definir garantias de segurança credíveis, de modo a ser possível encontrar uma paz sólida e durável na Ucrânia”.

Esta semana, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen anunciou um plano para mobilizar cerca de 800 mil milhões de euros para a Europa gastar em Defesa e ajudar a providenciar apoio militar “imediato” à Ucrânia.

A falar de uma política que costuma ser consenso no bloco central, Luís Montenegro também disse a semana passada, no fim do mesmo Conselho Europeu, estar interessado no mecanismo, sem se comprometer com novos gastos exponenciais em Defesa: "Portugal deve aproveitar a oportunidade de poder ter empréstimos e um mecanismo de flexibilidade de utilização, sem colocar em causa a sua trajetória [na redução do défice], ou seja, de garantir financiamento em boa condição e, ao mesmo tempo, de poder continuar a mostrar um resultado financeiro que o coloca neste momento num dos melhores desempenhos à escala europeia." Será certamente tema na campanha para as legislativas.

Notícia atualizada às 17h31 com o comunicado do EMGFA

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