Defesa

Bloco entregou requerimento para ouvir Lucília Gago com urgência no Parlamento

Fabian Figueiredo, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, no debate do Programa de Governo
Fabian Figueiredo, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, no debate do Programa de Governo
JOSÉ SENA GOULÃO

PGR nunca apresentou o relatório anual aos deputados. Requerimento será ainda votado na comissão de Assuntos Constitucionais

O BE entregou esta terça-feira um requerimento para ouvir a procuradora-geral da República (PGR) com urgência no Parlamento sobre o relatório anual de atividade e para prestar "os esclarecimentos que se revelem necessários".

Na iniciativa, subscrita pelo líder parlamentar do partido, Fabian Figueiredo, e dirigida à presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, os bloquistas lembram que a procuradora-geral da República "termina o seu mandato em outubro deste ano, tendo já manifestado a sua indisponibilidade para continuar no cargo".

"Entende o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda que é oportuno e pertinente que a Senhora Procuradora-Geral da República seja chamada a esta Comissão Parlamentar, a fim de apresentar o relatório anual de atividade e prestar os esclarecimentos que se revelem necessários", lê-se no texto.

Os bloquistas salientam que "o trabalho desenvolvido pelo Ministério Público é vertido num relatório de atividade respeitante ao ano judicial anterior e apresentado até ao dia 31 de maio de cada ano".

"Apesar de a lei prever que, além de divulgado publicamente, este relatório seja apresentado institucionalmente, a verdade é que a Procuradoria-Geral da República se limitou, no passado, à publicação deste relatório na sua página na internet e que, desde 2019, nem esse parcial cumprimento do Estatuto do Ministério Público teve lugar. Nunca, até à presente data, qualquer destes relatórios foi apresentado à Assembleia da República", é alertado no texto.

Na ótica dos bloquistas, "estes relatórios são uma ferramenta que contribui para uma maior transparência e publicitação da atividade do Ministério Público, que se torna tanto mais pertinente quanto maior é a mediatização da Justiça, designadamente dos chamados megaprocessos".

A bancada parlamentar do BE defende que "valorizar a importância deste relatório e promover o seu debate contribui para o fortalecimento da confiança da cidadania portuguesa na Justiça".

O BE pediu para que este requerimento seja debatido na quarta-feira na comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

O PAN também já pediu uma audição da procuradora-geral da República no Parlamento para "prestar contas" sobre a aplicação a Lei da Organização de Investigação Criminal e o cumprimento das garantias constitucionais e legais de proteção do segredo de justiça.

Na segunda-feira, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, defendeu a audição da procuradora-geral da República no parlamento para apresentar o relatório de atividades do Ministério Público, salientando que este órgão "não está acima do escrutínio democrático".

O Ministério Público abriu uma investigação a fugas de informação no processo Influencer, depois de ter sido divulgada a transcrição de escutas a conversas telefónicas entre o ex-primeiro-ministro, António Costa, e o então ministro das Infraestruturas, João Galamba.

Segundo a informação divulgada por vários órgãos de informação, a investigação do MP visa as escutas divulgadas na terça-feira pela CNN Portugal, entre elas uma que apanha António Costa a ligar a João Galamba para ordenar a demissão da presidente executiva da TAP, por motivos políticos, depois da polémica indemnização de 500 mil euros à ex-administradora Alexandra Reis.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate