O filósofo colombiano Nicolás Gómez Dávila disse, certa vez, que os reacionários só se tornam reacionários “nas épocas que guardam algo digno de ser conservado”. A frase parece encaixar nos jovens da Geração Z – aquela nascida entre meados dos anos 1990 e 2010 –, que atravessaram muitas mudanças nos últimos anos e que procuram preservar certas tradições para enfrentarem menos riscos.
“No mundo ocidental, muitos dos pilares de significado e estabilidade que nos davam direção foram desmantelados. Em alguns casos, isto foi positivo, e, caso não acontecesse, teria de ser considerado; no entanto, a taxa de mudança foi exponencial”, explica ao Expresso o psicoterapeuta neerlandês Mark Vahrmeyer, que trabalha com os mais jovens. “A religião - Deus - perdeu o sentido, a família perdeu o sentido, o casamento perdeu o sentido, e até em questões de género, o significado é discutível para a Geração Z. Acredito que isso os deixa cambaleantes, sentindo que a sociedade pode oferecer-lhes muito pouco em termos de significado.” Jovens entre os 18 e os 29 anos estão, portanto, “a recorrer a posições tribais, binárias, para procurar segurança e identidade”, sustenta o académico.
Um artigo publicado no “Financial Times” diz que a Geração Z está dividida ao meio no que diz respeito à ideologia política: elas estão cada vez mais progressistas, e eles mais conservadores. A tendência verifica-se em países tão distantes quanto Estados Unidos e Polónia, Alemanha e Coreia do Sul.
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