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Rui Tavares quer Livre a “apontar caminho” e deixa aviso à esquerda: “Não é preciso inventar a roda”

Rui Tavares quer Livre a “apontar caminho” e deixa aviso à esquerda: “Não é preciso inventar a roda”
MANUEL FERNANDO ARAUJO

Numa alteração de última hora, Rui Tavares juntou-se às intervenções do primeiro dia de Congresso do Livre. O deputado único colocou o seu partido como aquele que “aponta caminho” e avisou a esquerda que não é preciso “inventar a roda” quanto a acordos pós-eleitorais

No programa inicial do Congresso do Livre, este fim-de-semana, só estava previsto um discurso de Rui Tavares no encerramento. Numa mudança de última hora, o líder do partido duplicou a subida ao palco e foi incluído entre as intervenções do primeiro dia de trabalhos. No discurso, Rui Tavares criticou os partidos que só “dizem uma coisas”, os que “apontam para si próprios” ou os que acham que, “para começar”, não se pode “partir daqui”, englobando tanto a direita como a esquerda. “O Livre diz que o caminho começa no país que temos. O país que temos não é inimigo do país que queremos”, atirou. E isolou o seu partido como aquele que “aponta caminho”. “Não basta dizer umas coisas. Desses há muitos, para apontar caminho há poucos”.

A primeira farpa de Rui Tavares foi para a extrema-direita que “diz umas coisas”, muitas delas mentiras ou “meias-verdades”. Sem referir diretamente o partido agora liderado por Pedro Nuno Santos, o porta-voz do Livre atirou também aos partidos que “só apontam para si próprios” e que preferem governar “sozinhos”, se for maioria absoluta “ainda melhor”. Também a esquerda entrou nas críticas do deputado único. “Há na esquerda a ideia de que, para começar, tínhamos de estar fora da Europa ou fora do euro. Já temos tudo o que precisamos para o país que queremos”, numa clara referência a partidos como o Bloco de Esquerda ou o PCP.

Assim, Rui Tavares esforçou-se para diferenciar o seu partido dos restantes à esquerda numa tentativa também de canalizar votos que podem ainda não ter destino certo. “Quando vos perguntarem qual é a diferença do Livre digam que é o partido que não diz umas coisas, mas que aponta caminho. Ser Livre é fazer política sem acrescentar ódio, é entrar de cabeça levantada no hospital, na escola, nos tribunais, na repartição pública”, defendeu.

Para apontar caminho, “não é preciso inventar a roda”. O líder do Livre lembrou exemplos europeus que mostraram o sucesso de “acordos assinados e escrutinados” de governação entre partidos, num recado à esquerda que continua reticente quanto a novos entendimentos. O Livre já assumiu que quer um acordo multilateral assinado com os partidos à esquerda e o PAN, a partir de 10 de março, para garantir uma maioria parlamentar à esquerda. Para já, o partido tem ficado a falar sozinho já que o Bloco de Esquerda avançou com uma proposta de acordo dirigida ao PS e tanto o PCP como o PS mantêm-se em silêncio sobre qualquer novo entendimento.

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