“A nossa história é um estendal de ocasiões perdidas ou falhadas, e esta mesma constância constitui assunto de meditação”, escreveu Eduardo Lourenço a Mário Soares em junho de 1972, em letra miúda, difícil de decifrar, numa carta que analisa “aquele estranho e admirável povo que nos coube”. O filósofo e pensador enaltecia, então, a recente publicação em França do livro “Portugal Amordaçado” (“Le Portugal Baillonné”), que classificou como o “romance político da nossa geração e de agora em diante o espelho em que cada membro dela é obrigado a rever-se para descobrir os fios da sua própria aventura nesse campo”.
O livro, que foi inicialmente publicado em França, em abril de 1972, pela editora Calmann-Lévy, abanou o Portugal marcelista e foi comentado por todos, de François Mitterrand a Francisco Sá Carneiro, que o apreciou “muitíssimo” e o definiu como “testemunho lúcido e franco sobre a situação inalterada” de um país que gritava em surdina contra a Guerra Colonial e a falta de liberdade.
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