Política

Paulo Raimundo espera estrear-se no Parlamento e recuperar os deputados perdidos em 2022

Paulo Raimundo espera estrear-se no Parlamento e recuperar os deputados perdidos em 2022
TIAGO MIRANDA

Em entrevista à CMTV, o secretário-geral do PCP revelou que deverá ser cabeça de lista por Lisboa nas legislativas de março e colocou como objetivo duplicar a bancada parlamentar. O líder comunista acusa o PSD de entrar numa “chuva de promessas”

Há pouco mais de ano, Paulo Raimundo abdicou do quase anonimato para suceder a Jerónimo de Sousa. Com as eleições antecipadas a acelerar calendários, o secretário-geral do PCP vai a jogo dois anos antes do previsto. Em março do próximo ano, não só vai enfrentar, pela primeira vez, uma batalha eleitoral como ainda deverá estrear-se também como deputado. “A probabilidade de ser cabeça-de-lista é grande, por Lisboa ou por outro sítio”, respondeu em entrevista à CMTV.

Convicto que o partido irá “crescer”, Paulo Raimundo colocou como “primeira batalha” a recuperação dos assentos parlamentares perdidos nas eleições de 2022 – o partido passou de 12 para seis deputados. O líder comunista criticou ainda a “chuva de promessas” feitas pelo PSD no congresso do passado sábado, dia 25, e voltou a evitar responder sobre um novo entendimento à esquerda.

Numa altura em que os partidos organizam as listas internas para irem a votos no dia 10 de março, Paulo Raimundo revelou que deverá ser cabeça-de-lista de uma delas. “Se for essa vontade do povo, lá estarei”, disse a Pedro Moutinho. Apesar de nunca ter vestido a pele de deputado, o líder comunista não vê “nenhuma dificuldade” em adaptar-se. “Encontrarei forma de me sentir à vontade”, garantiu na segunda-feira à noite.

Depois da bancada parlamentar comunista ter sido reduzida para metade nas últimas eleições – depois do PCP e do Bloco terem chumbado o Orçamento do Estado (OE), o que levou a eleições antecipadas –, Paulo Raimundo definiu como objetivo a recuperação do número de deputados. “Esse é elemento de referência da nossa batalha”, disse. Isto poderá significar trazer de novo para a Assembleia da República figuras conhecidas do partido como João Oliveira ou António Filipe.

Questionado sobre a possibilidade de uma solução governativa à esquerda, Paulo Raimundo defendeu que “não se pode começar por aí”. “Temos um problema de fundo, o PS há dois anos decidiu fazer chantagem [sobre o voto no OE] e levar o país para eleições por não responder a problemas na habitação, saúde e salários. Chegados aqui, a pergunta tem de ser devolvida ao PS, é quem tem de fazer alterações”. E lembrou ainda que, mesmo com as “condições todas” dadas em 2022, o PS “desbaratou” a maioria absoluta e “não respondeu a qualquer problema”.

Em vez de avançar cenários sobre uma nova geringonça, o líder comunista preferiu apelar ao reforço isolado do seu partido. “Quando o PCP e a CDU se reforçam, a vida dos portugueses anda para a frente”, repetiu.

Nos 20 minutos de entrevista, Paulo Raimundo comentou ainda a proposta de aumento do complemento solidário para idosos anunciada no Congresso do PSD, dia 25 deste mês. “Entrámos numa fase onde parece que estamos numa chuva de promessas, é a black friday das promessas”, ironizou o comunista depois de reconhecer que já arrancou a “campanha eleitoral”. Com os pensionistas a terem um peso significativo no eleitorado comunista, o secretário-geral do PCP vincou que são necessárias respostas agora e não em 2028 – altura em que os sociais-democratas preveem que o complemento atinja os 820 euros. “Ainda há poucos dias, o PSD teve oportunidade de nos acompanhar numa proposta para o aumento de pensões em 7,5% e não o fez”, atirou.

Além disso, Paulo Raimundo fez questão de lembrar as medidas do Governo PSD/CDS nos anos da troika onde existiram cortes nos salários e pensões, assim como o fim dos subsídios de Natal e de férias. “As pessoas não se esqueceram da posição do PSD há oito anos atrás”.

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