Política

Montenegro sai da audiência com Marcelo a pedir “pacto na saúde” e a acusar Costa de “fracasso completo”

Montenegro sai da audiência com Marcelo a pedir “pacto na saúde” e a acusar Costa de “fracasso completo”
TIAGO PETINGA

O líder do PSD pediu audiência urgente com Marcelo e tenta assim marcar a agenda num momento de tensão no sector da saúde. Montenegro atira ao Governo, e a Costa, em particular, pedindo um “pacto na saúde”. E evita falar de Guterres

Chama-lhe “fracasso completo”, “hipocrisia”, “caos iminente”, e diz que o Governo tem seguido na saúde “políticas erradas e erráticas”. À saída da audiência com Marcelo Rebelo de Sousa esta quarta-feira, Luís Montenegro carregou nas palavras para tentar aproveitar o momento de intranquilidade que se vive no sector da saúde, e à boleia dele, no Governo, sobretudo após a entrevista de Fernando Araújo ao jornal ‘Público’, a falar na possibilidade de um “novembro dramático”. No mesmo dia, Marcelo Rebelo de Sousa promulgou com “inúmeras dúvidas e reticências” dois diplomas da saúde, referindo-se à “oposição mais ou menos intensa dos profissionais do sector”.

A reunião entre o líder do PSD e o Presidente da República foi marcada de urgência, a pedido do primeiro, e os jornalistas não ficaram a saber o que se disse lá dentro. Montenegro respondeu apenas que transmitiu a Marcelo “o mais importante”: o “setor da saúde precisa de uma diligência forte, com dimensão estratégica e estrutural”. Uma frase que nada diz?

Montenegro tentou detalhar depois e pediu um “pacto na saúde” entre Governo, partidos políticos e todos os sectores, público, privado e social. Para o PSD, há uma “hipocrisia” na saúde quando “quer em centros de saúde, quer em hospitais” quem presta cuidados são “prestadores externos, tarefeiros”, alguns que saíram do sector público para o privado, apontou Montenegro.

Já percebemos que, por este andar, o SNS nunca terá os médicos que precisa” e os problemas serão atenuados “só com complementaridade”, apontou, numa nova defesa, por exemplo, das parcerias público-privadas. “Não podemos insistir nas políticas erradas e erráticas deste Governo.”

Nos últimos meses, o líder do PSD tem feito prova de vida com a apresentação de uma série de propostas sectoriais, que acabam a bater na trave no Parlamento, onde o PS tem maioria absoluta. Foi assim também com a saúde, facto a que Montenegro aludiu. Além de ter distribuído um rol de críticas ao primeiro-ministro, António Costa, ao ministro da Saúde, Manuel Pizarro, e até ao diretor executivo do SNS, Fernando Araújo.

Para Montenegro, as intervenções públicas dos dois últimos geraram “intranquilidade nos portugueses em relação ao SNS” e é preciso que o Governo “promova a paz e a estabilidade” no sector. Numa altura em que as negociações entre Governo e sindicatos estão ainda longe do fumo branco, o líder do PSD acredita que “é possível e desejável que se chegue a um acordo”. Mas que “não podemos ter a expectativa, falsa, de que todos os problemas do SNS estão dependentes desse acordo”.

No Palácio de Belém, o líder do PSD foi ainda questionado sobre as declarações de António Guterres acerca do conflito israelo-palestiniano, que levaram Israel a pedir a demissão do secretário-geral das Nações Unidas. E Montenegro preferiu chutar a questão para canto, sem responder e pedindo que toda a declaração “se concentre no assunto demasiado sério” que é a saúde.

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