Política

Medina atingido com tinta verde por ativista climática. "Pelo menos tenho uma apoiante para a subida do IUC", ironiza

Medina atingido com tinta verde por ativista climática. "Pelo menos tenho uma apoiante para a subida do IUC", ironiza
ANTÓNIO COTRIM/Lusa

Ministro das Finanças falava numa sessão sobre Orçamento do Estado na Faculdade de Direito de Lisboa quando foi atingido com tinta verde por uma jovem ativista da Greve Climática Estudantil. Medina limpou a tinta e prosseguiu a apresentação

Medina atingido com tinta verde por ativista climática. "Pelo menos tenho uma apoiante para a subida do IUC", ironiza

Rita Dinis

Jornalista

O ministro das Finanças, Fernando Medina, foi atingido por tinta verde esta sexta-feira à tarde quando iniciava uma sessão de apresentação do Orçamento do Estado na Faculdade de Direito da Faculdade de Lisboa.

“Sem futuro não há paz”, gritavam os jovens, fora do auditório, enquanto uma das jovens entrava na sala e atingia o ministro com tinta. Depois de ser atingido, Fernando Medina ironizou: “Pelo menos sei que tenho uma apoiante relativamente à suida do IUC”, disse, e a plateia de jovens e professores riu.

Imediatamente afastada para fora do auditório, o grupo de cinco jovens ativistas continuou o protesto, sendo audível dentro de portas e tornando difícil a Fernando Medina concentrar-se na apresentação do Orçamento do Estado que tinha previsto fazer. Ainda assim, Medina continuou, com o fato tingido de verde, e com o ruído de fundo. “Se me enganar, sabemos que a culpa foi do barulho”, diria a dada altura.

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Não é a primeira vez que um ministro é alvo do mesmo tipo de protesto. O ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, também já tinha sido atingido com tinta verde numa conferência da CNN no final de setembro, tendo até reagido dizendo que este tipo de manifestação faz parte, mas corre o risco de prejudicar a causa climática, que é legítima.

“Estas formas de manifestação não resultam, fazem com que haja menos pessoas a apoiar esta causa”, comentou o ministro do Ambiente na altura, sublinhando que não se queixa dos manifestantes, mas sim de ”determinadas formas de manifestação".

Com Fernando Medina, tudo aconteceu muito rápido. Depois de Eduardo Paz Ferreira ter dado a palavra ao ministro para apresentar a proposta de Orçamento do Estado perante uma plateia de jovens daquela faculdade, começou o burburinho vindo dos corredores da universidade. Em poucos segundos, uma jovem entrou pelo auditório e dirigiu a tinta verde para o ministro - que limpou o excesso e continuou a falar com a roupa tingida.

Sem reação dos restantes membros do painel, Medina, que estava de pé para a apresentação, teve apenas tempo de ironizar, referindo-se à polémica do momento sobre o aumento do imposto único de circulação dos automóveis prevista no Orçamento do Estado por motivos ambientais. “Ao menos sei que tenho uma apoiante relativamente à subida do IUC”, disse, numa altura em que as críticas ao aumento daquele imposto vêm não só da oposição mas também de dentro do PS.

Os cinco jovens que ficaram durante quase uma hora a ecoar gritos de protesto no corredor à porta do auditório acabaram por ser levados em braços, um por um, pelos agentes da PSP que foram chamados a intervir.

ANTÓNIO COTRIM

Jovens querem fim dos combustíveis fósseis até 2030

Em comunicado, o núcleo de jovens da greve climática estudantil promete várias ações contra o governo nos próximos dias até haver a garantia de que até 2030 se procederá ao fim dos combustíveis fósseis e à transição para eletricidade 100% renovável e acessível até 2025. Os ativistas querem também garantias de que este é o último inverno em que gás metano é utilizado para produzir eletricidade.

Segundo Beatriz Xavier, estudante de 19 anos, o protesto foi contra a “recusa do governo em fazer a transição justa que garante que temos um futuro”. "Dissemos que não há paz até ao último inverno de gás, e o orçamento não contempla um plano de como vamos parar de usar o gás fóssil", continua a jovem, citada pelo comunicado divulgado pelos ativistas. "Não é negociável, é uma necessidade existencial".

Para os estudantes, “o governo continua a dar pequenos passos como se tivessemos décadas para realizar a transição energética”. No entender dos autores do protesto, o tempo está a esgotar-se. "Este orçamento é o espelho deste governo: negacionista e criminoso. Estamos em plena crise climática, como é possível o principal foco deste orçamento não ser uma transição justa para energias renováveis? Isto é um crime contra a nosso futuro e a nossa vida", continua a mesma jovem.

Os estudantes prometem mais. Para dia 24 de outubro está prevista uma ocupação do Ministério do Ambiente, que, segundo o mesmo comunicado, “representa a inação geral do governo em lidar com esta crise”, e no dia 13 de novembro, o protesto pode passar por parar escolas e instituições. "Vamos mostrar que se o governo se recusa a garantir o nosso futuro, o vamos tomar pelas nossas próprias mãos", acrescenta.

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