Política

PS acusa Montenegro de “cambalhota política” na reforma fiscal e defende que ideia de excedente é “totalmente errada”

Porfírio Silva, vice-presidente da bancada parlamentar do PS
Porfírio Silva, vice-presidente da bancada parlamentar do PS
Pedro Nunes

Porfírio Silva classificou de “verdadeira cambalhota política” as ideias de fiscalidade de Luís Montenegro, apresentadas na rentrée do PSD. O dirigente do PS acusou o líder social-democrata que estar “totalmente errado” na ideia de existir um excedente orçamental capaz de ‘pagar’ medida de redução do IRS. "Montenegro ou não esta bem informado ou está a querer desinformar”

Depois de Luís Montenegro apostar na reforma fiscal para a rentrée política, o PS vem agora acusá-lo de protagonizar uma “cambalhota política”. Porfírio Silva, dirigente socialista, desdobrou-se em críticas ao discurso do líder social-democrata feito na Festa do Pontal, no Algarve, na passada segunda-feira. “É surpreendente a dimensão da cambalhota fiscal que o doutor Montenegro vem apresentar (…), parece que levou a linha do PSD para algo de permanente inconstância, ziguezague, catavento político consoante as circunstâncias”. Além disso, o socialista acusou Luís Montenegro de se basear numa ideia de excedente “completamente errada” para as propostas de redução de IRS.

Já se sabia que a aposta do PSD para o novo ano político seria a reforma fiscal que preparou com especialistas na área. Esta segunda-feira, Luís Montenegro desembrulhou o pacote de medidas entre as quais se destaca uma redução do IRS em todos os escalões, paga com o excedente orçamental. O resultado seria uma diminuição dos impostos sobre o rendimento do trabalho em 1200 milhões de euros. Agora, o PS vem dizer que esta ideia de excedente é “totalmente errada” e está baseada numa ideia de um “Estado glutão” que “tem por aí muito dinheito”. “É certo que há impostos que com a inflação cobram mais aos cidadãos como o IVA, mas o aumento da cobrança de IRS não tem nada a ver com a inflação”, defendeu Porfírio Silva. “Hoje cobra-se mais IRS porque há mais emprego, as regulações aumentaram”. Depois desta explicação, o socialista atirou ao líder social-democrata: “Montenegro ou não esta bem informado ou está a querer desinformar”.

Em resposta direta ao discurso feito no Pontal, Porfírio Silva afirmou que também o PS irá “continuar a reduzir os impostos”, tal como “tem feito até agora”. “Não vamos é dizer uma coisa ontem e outra amanhã. Vamos persistir na nossa linha”, atirou.

Depois, o socialista voltou atrás no tempo para relembrar as propostas sociais-democratas que previam baixar primeiro o IRC, em 2023 e 2024, e só depois “começar a pensar” numa redução do IRS. “Agora é tudo o contrário”, atacou. Para Porfírio Silva, esta mudança de estratégia representa uma "enorme capacidade para ir variando ao sabor do vento, um catavento político que resulta nestas reformas fiscais”.

“Na realidade, aquilo que o PSD propôs quando apresentou, a última vez, uma proposta aos portugueses era que em 2025 haveria uma baixa de cerca de 400 milhões de euros no IRS e, em 2026, uma outra baixa de cerca de 400 milhões de euros. Já hoje, com aquilo que o Governo do Partido Socialista tem feito em termos de fiscalidade, os portugueses já pagam menos dois mil milhões de euros do que pagariam do que se estivessem em vigor as regras de 2015”, defendeu.

Porfírio Silva lamentou ainda que a oposição social-democrata considere que está “tudo mal” no país e seja incapaz de valorizar dados como o “emprego em máximos históricos”, o “desemprego em mínimos de 20 anos”, o salário mínimo nacional que “aumentou 50% durante o período de governação de António Costa” ou a remuneração média que “aumentou mais de 25% durante o mesmo período”. “É difícil perceber como é que uma oposição que vê tudo mal, que não vê nada de positivo naquilo que os portugueses têm feito nos últimos anos, pode contribuir para o futuro do país”.

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