São ao todo 30 as propostas de alteração do PCP ao relatório da comissão de inquérito à TAP que os socialistas se preparam para aprovar, 18 na íntegra e 12 com alterações. Uma delas, logo na introdução, faz referência aos “incidentes graves” ocorridos no Ministério das Infraestruturas na noite de 26 de abril, coisa que até aqui estava omissa do relatório preliminar elaborado pela deputada socialista Ana Paula Bernardo. Apesar deste acrescento, o assunto não volta a aparecer em todo o relatório.
"Os acontecimentos ocorridos no dia 26 de abril de 2023 no Ministério das Infraestruturas e seus desenvolvimentos, que foram objeto de várias audições na CPI, são de uma enorme gravidade", lê-se agora na versão final do relatório, a que o Expresso teve acesso, que contém já as várias alterações mais ou menos cirúrgicas que os socialistas se preparam para aprovar dos restantes partidos.
Tanto o PCP, como o BE, o Chega e o próprio PS apresentaram várias alterações ao documento, e os socialistas preparam-se para aprovar - nas votações que decorrem esta quinta-feira - propostas de todos eles, de acordo com as propostas de votação a que o Expresso teve acesso, mas nenhuma mexe nas principais conclusões do documento. Mas se ao BE e ao Chega apenas aprovam pequenas sugestões cirúrgicas (seis de cada) é no PCP que os socialistas mais apostam para ir buscar uma viabilização do documento final. Num total de 60 propostas feitas pelos comunistas (43 apresentadas, mas que se dividem em alíneas), o PS aprova 18 na íntegra e 12 com alterações, num total de 30 sugestões acolhidas.
Se a contabilidade das propostas parece mostrar assim que há uma aproximação aos comunistas com vista à abstenção, para que o relatório final não seja apenas aprovado pela maioria socialista, na qualidade das propostas há divergências insanáveis. Fica assim de fora, de acordo com as propostas de votações do PS a que o Expresso teve acesso, a alteração mais importante para os comunistas: a recomendação ao Governo para que pare com o processo de reprivatização. Uma linha que separa os dois partidos sobre o que deve acontecer à companhia aérea inconciliável. Contudo, tal como no tempo da “geringonça”, a expectativa no PS é que estas divergências não sejam obstáculo a um acordo, uma vez que com isto os comunistas apresentaram o seu ponto de vista e os socialistas aceitam alguma pontos.
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