Foi um discurso de pré-rutura. Marcelo compromete-se a não criar conflitos institucionais, mas chamou quase tudo ao Governo de António Costa e avisou que a parceria que alimentou durante sete anos, chegou ao fim. Agora, são duas unipessoais. Se uma falhar, a outra ataca.
“Foi pena”, afirmou o Presidente da República, numa espécie de crónica de um divórcio anunciado. No seu mais duro discurso destes sete anos de coabitação com o primeiro-ministro António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa pré-anunciou uma rutura, em que não dissolve a Assembleia da República, não demite o Governo, mas faz do ‘não’ de Costa à sua exigência de demissão do ministro das Infraestruturas o pretexto para um virar de página - da fase em que “sempre foi possível acertar agulhas”, para “uma divergência de fundo” que os afastará irremediavelmente.
Marcelo chamou quase tudo ao Governo de Costa. Falta de “capacidade, fiabilidade e autoridade”. Mas, sobretudo, irresponsabilidade. “A responsabilidade do Governo não foi assumida como devia ter sido”, afirmou. Com a censura dirigida ad hominem: “Responsabilidade é mais do que pedir desculpa” (quem pediu desculpa foi António Costa). É pagar pelo se faz ou se deixou de fazer". Mais : “Não se afasta por razões de consciência pessoal (foi Costa quem as reivindicou)?”. Marcelo contrapõe que o caso exige “olhar para os custos objetivos do que aconteceu na credibilidade, confiabilidade e autoridade do ministro e do Estado”.
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