"Isto é a confusão total": Montenegro ataca silêncio de Costa sobre contradições nos despedimentos da TAP
Luís Montenegro, presidente do PSD
ESTELA SILVA/Lusa
António Costa está “envergonhado” ou está “comprometido e tem de assumir responsabilidades”. Luís Montenegro culpa o primeiro-ministro pela descoordenação e fala em “cobardia política” e “irregular funcionamento da instituição”, mas recusa tirar consequências políticas diretas - moção de censura não é opção, para já
Depois de quatro dias em que o Governo andou a explicar (com dois argumentos diferentes) por que razão não enviava à Assembleia o “parecer jurídico” que fundamentava o despedimento da antiga CEO e do chairman da TAP, para terminar com o ministro das Finanças a dizer que, afinal, não havia parecer adicional nenhum, mas apenas o relatório da IGF a apontar para irregularidades no acordo de rescisão de Alexandra Reis, Luís Montenegro não compreende o “silêncio” de António Costa, que acusa de estar com “medo” ou com “cobardia política”.
“Isto é a confusão total”, afirmou esta sexta-feira o líder do PSD, acusando o Governo de estar “sem rei nem roque” e em total descoordenação interna. “Não podemos ter um primeiro-ministro a fazer de conta que não acontece nada ao seu lado, dentro do seu governo. Isto começa a ser uma situação onde temos de concluir que não tem emenda”, continuou Luís Montenegro em respostas aos jornalistas.
O presidente do PSD, contudo, recusa tirar qualquer conclusão prática das sus afirmações, rejeitando a hipótese de avançar, por exemplo, com uma moção de censura ao Governo por causa dos sucessivos episódios que, segundo diz, mostram que “há uma instituição que está a funcionar de modo muito irregular, e essa instituição é o Governo”.
“Esta é uma situação política onde o governo está sem rei nem roque, não há dois membros do governo a dizer a mesma coisa excepto quando estão calados. Talvez por isso o primeiro-ministro esteja em silêncio”, disse ainda, instando Costa a falar ao país e arriscando uma de duas explicações para estar calado há tantos dias: “ou está envergonhado com o que se está a passar, e se é esse o caso mais vale assumir, ou então está comprometido e então tem de assumir as suas responsabilidades”.
PSD rejeita moção de censura
Para Luís Montenegro, não é admissível haver um membro do Governo [Ana Catarina Mendes] a dirigir-se “formalmente” ao país, através de um comunicado, a dizer que há um parecer, mas que por razões de “interesse público” não pode ser divulgado, e depois haver um outro ministro [Fernando Medina] a dizer que não há “nenhum parecer” e que a decisão foi tomada com base na Inspeção Geral de Finanças.
“O primeiro-ministro aceita que a CEO e Chairman sejam demitidos em direto alegando justa causa sem estarem minimamente justificadas as razões dessa justa causa? Aceita que só no dia seguinte o ministro fez um despacho a pedir que lhe dessem os argumentos a justificar o que tinha dito na véspera? O primeiro-ministro aceita que a ministra dos Assuntos Parlamentares diga uma coisa, o ministro das Infraestruturas assobie para o lado e nem sequer tenha homologado a deliberação que foi a Assembleia Geral da TAP, e que a ministra da Presidência corrobora a ministra dos Assuntos Parlamentares? Isto é a confusão total”, atirou Luís Montenegro.
Mas questionado sobre se uma moção de censura “estava na sua cabeça”, como consequência lógica das suas declarações, Luís Montenegro rejeitou a ideia. “O governo é censurado pelo PSD desde o primeiro dia. Começa a ser de facto uma conclusão a extrair da incapacidade do primeiro-ministro em pôr mão e ordem na casa, ainda por cima com este silêncio. O silêncio representa o quê? Medo? Representa uma postura de cobardia política?”, continuou a questionar, desviando o foco da moção de censura.
Perante a insistência dos jornalistas sobre qual seria o passo seguinte a dar, Montenegro foi vago: “O passo seguinte é o PSD ser cada vez mais um referencial de esperança e de alternativa política e colher o apoio político para governar o país”.
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