Cristas acusa o Governo de fazer “um ataque direto” à propriedade privada: “leva a que as pessoas não queiram comprar nem arrendar”
NUNO FOX
No podcast do Expresso “Liberdade para Pensar”, a antiga líder do CDS acusa o executivo de estar “a matar o mercado de arrendamento”. A ex-ministra, que elaborou a lei de arrendamento que ficou conhecida como “Lei Cristas”, diz ainda que “não se compreende como, depois de tantos anos de governação nacional e autárquica, o governo pode trazer um pacote tão desconexo para cima da mesa”
Assunção Cristas considera que o pacote legislativo “Habitação Mais” é “uma miscelânea de coisas, algumas interessantes, outras que já existem e que é preciso pôr a funcionar e outras que são absolutamente contraproducentes e que matam qualquer objectivo de criar um mercado de arrendamento estável, credível e a funcionar.” A ex-ministra, que elaborou a lei de arrendamento que ficou conhecida como “Lei Cristas”, diz que “não se compreende como, depois de tantos anos de governação nacional e autárquica, o governo pode trazer um pacote tão desconexo para cima da mesa.”
No podcast do Expresso “Liberdade para Pensar”, a antiga líder do CDS acusa o governo de estar a fazer “um ataque directo à propriedade privada”, “criando uma imoralidade por estar a usar para si próprio um padrão diferente de actuação”. Para Assunção Cristas, o arrendamento coercivo é “o tipo de medidas que leva a que as pessoas não queiram comprar, nem arrendar, nem nada”, juntando o limite das actualizações das rendas em novos contratos que “fazem com que a informalidade cresça brutalmente”.
A ex-ministra afirma estar “orgulhosa do que foi feito” quando estava no Governo, revelando incompreensão por ser “pouco salientado que o objetivo da lei [Cristas] era devolver aos centros das cidades a capacidade de reabilitação urbana”. Cristas lembra que “Antonio Costa [quando era autarca] gostou da lei, porque lhe trouxe muitos investidores e nas reuniões que tinha com eles elogiava a lei, dizendo-lhes que era a altura certa para investir”. Admitindo que Costa “publicamente dizia outra coisa”, acusa-o de “não ter assumido o papel como presidente de Câmara para criar habitação”, cumprindo o papel social do Estado.
Sobre a lei que a própria concebeu conclui dizendo que “houve muita demagogia e que foi o PS que a matou”, porque numa altura que “era critica para dar confiança ao mercado de arrendamento, o Estado voltou a falhar, aumentando o período transitório e, agora, até achou melhor dizer que essas rendas antigas ficam completamente congeladas”. Assunção Cristas diz que o ajustamento que aquela lei precisa é que se avance com o subsídio de renda.