
A proposta de revisão do Conceito Estratégico aponta aos riscos populistas lá fora, mas fala para dentro. E salienta a necessidade de contas públicas controladas
A proposta de revisão do Conceito Estratégico aponta aos riscos populistas lá fora, mas fala para dentro. E salienta a necessidade de contas públicas controladas
Jornalista
A defesa do país é um conceito tão alargado e ultrapassa de tal forma os aspetos militares que o conselho de 21 ‘sábios’ nomeados pelo Governo inscreveram a “sustentabilidade das contas públicas” como fator de autonomia nacional no relatório que servirá de base ao Governo para rever o Conceito Estratégico de Defesa Nacional (CEDN) de 2013. Se os anos da troika provaram que sem credibilidade financeira Portugal não é de todo independente, o grupo coordenado por Nuno Severiano Teixeira, que fixou o texto, também apontou os populismos como um risco: “A democracia portuguesa é solidária com as democracias europeias na defesa da ordem internacional baseada em regras e na contenção das autocracias e dos movimentos populistas no espaço político europeu.” A frase fala para fora, mas é para ter eco cá dentro.
Enquanto o Chega vai subindo nas sondagens (ainda esta semana a Intercampous para o “Negócios”/“Correio da Manhã” lhe dava 11,6%), a agenda política vai sendo marcada pela dependência do PSD em relação a André Ventura para formar um eventual Governo. Ao mesmo tempo, a perceção dos portugueses sobre a democracia está a piorar (ver pág. 17). Um dos participantes neste conselho, que pede anonimato, diz que, apesar de o texto mencionar apenas os populismos na Europa, o objetivo é “falar para dentro”, porque as democracias “são sempre frágeis”. E lembra como Donald Trump acabou nos EUA ou Bolsonaro no Brasil. Nuno Severiano Teixeira, que calibrou o documento para os 21 participantes o aceitarem, diz ao Expresso que a referência aos populismos tem a ver “com o contexto europeu e não nacional”, por ser um “problema geral na Europa”, onde alguns movimento populistas “põem em causa a democracia liberal e a coesão da União Europeia face à Rússia, como é o caso da Hungria e de partidos noutros países, que não estão no poder”.
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