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Política

A ‘contenção’ dos populismos também é defesa

Forças nacionais destacadas como esta, na Roménia, são referidas no relatório de revisão do Conceito Estratégico
Forças nacionais destacadas como esta, na Roménia, são referidas no relatório de revisão do Conceito Estratégico
MIGUEL A. LOPES/LUSA

A proposta de revisão do Conceito Estratégico aponta aos riscos populistas lá fora, mas fala para dentro. E salienta a necessidade de contas públicas controladas

A ‘contenção’ dos populismos também é defesa

Vítor Matos

Jornalista

A defesa do país é um conceito tão alargado e ultrapassa de tal forma os aspetos militares que o conselho de 21 ‘sábios’ nomeados pelo Governo inscreveram a “sustentabilidade das contas públicas” como fator de autonomia nacional no relatório que servirá de base ao Governo para rever o Conceito Estratégico de Defesa Nacional (CEDN) de 2013. Se os anos da troika provaram que sem credibilidade financeira Portugal não é de todo independente, o grupo coordenado por Nuno Severiano Teixeira, que fixou o texto, também apontou os populismos como um risco: “A democracia portuguesa é solidária com as democracias europeias na defesa da ordem internacional baseada em regras e na contenção das autocracias e dos movimentos populistas no espaço político europeu.” A frase fala para fora, mas é para ter eco cá dentro.

Enquanto o Chega vai subindo nas sondagens (ainda esta semana a Intercampous para o “Negócios”/“Correio da Manhã” lhe dava 11,6%), a agenda política vai sendo marcada pela dependência do PSD em relação a André Ventura para formar um eventual Governo. Ao mesmo tempo, a perceção dos portugueses sobre a democracia está a piorar (ver pág. 17). Um dos participantes neste conselho, que pede anonimato, diz que, apesar de o texto mencionar apenas os populismos na Europa, o objetivo é “falar para dentro”, porque as democracias “são sempre frágeis”. E lembra como Donald Trump acabou nos EUA ou Bolsonaro no Brasil. Nuno Severiano Teixeira, que calibrou o documento para os 21 participantes o aceitarem, diz ao Expresso que a referência aos populismos tem a ver “com o contexto europeu e não nacional”, por ser um “problema geral na Europa”, onde alguns movimento populistas “põem em causa a democracia liberal e a coesão da União Europeia face à Rússia, como é o caso da Hungria e de partidos noutros países, que não estão no poder”.

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