Depois de terem sido conhecidos os custos do altar que receberá o Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), Marcelo Rebelo de Sousa também tem falado do tema quase todos os dias e voltou esta quinta-feira ao assunto para defender uma Jornada Mundial da Juventude mais “simples e pobre” à imagem do pensamento do Papa Francisco .
Lembrando que nesta altura “o apuramento global do custo ainda não foi apresentado aos portugueses”, o Presidente diz-se confiante que tudo será esclarecido. “Não sei se são 35 ou 36 milhões previstos no Orçamento do Estado e aprovados na Assembleia da República. Penso que chegará uma altura em que será explicado, efetivamente, como será o conjunto de despesas que correm pela Igreja Católica, outra parte pelas autarquias, Lisboa e Loures e outras autarquias se o Papa lá for, e o que compete ao Estado", disse à margem de mais uma iniciativa “Músicos em Belém”, no Picadeiro Real, em Lisboa. “Percebendo a importância que [a JMJ] tem como projeção do país, os portugueses esperam que nos pormenores se corresponda ao que é o pensamento do Papa, que se caracteriza por defender uma versão simples, pobre, não triunfalista. É um exemplo de uma forma e de pensar que, mesmo que não estivéssemos em guerra e na situação social que vivemos, convida à simplicidade”, concluiu.
Nestas declarações aos jornalistas, o Presidente também falou dos outros assuntos de atualidade, a começar nas greves dos professores. Justificou que os sindicatos dos professores que esta quinta-feira estão a ser recebidos pelos consultores do Presidente para “ter uma ideia geral das convergências e das divergências dos pontos fundamentais” e posteriormente ir conhecer “a posição do Governo e do senhor ministro da educação para perceber se há, como eu espero, esperança de aproximação de pontos de vista ou se é mais difícil essa aproximação por razões políticas, administrativas ou financeiras”. Sendo claro na defesa que nesta altura “o diálogo deve manter-se permanentemente entre o governo e os sindicatos”, Marcelo Rebelo de Sousa considera que “intrometer-se nesse diálogo seria um erro, desnecessário e contraproducente.” Se mais tarde pondera adotar uma postura de mediador? Marcelo lembrou os limites constitucionais dos seus poderes, mas lá foi avançando que “os portugueses começam a ficar preocupados”.
O braço de ferro entre professores e governo está longe de ser o único tema na agenda mediática. Esta quarta-feira à noite, no Conselho Nacional do PSD, Montenegro disse estar preparado para assumir a liderança do governo, deixou a responsabilidade da governação com António Costa, mas ao mesmo tempo colocou a possibilidade de ir a Belém pedir eleições antecipadas. Recusando comentar "questões partidárias", Marcelo comentou: "A perspetiva de bom senso é que o governo deve governar e fazer as alterações que resultem da sua observação do que se passa na sociedade portuguesa. Nenhuma das oposições defende a dissolução do parlamento, o que é sensato. Estamos num período muito crítico lá fora e seria uma paragem do país num momento crucial para a utilização dos fundos e para a economia portuguesa.” Mas Marcelo disse mais. “A sociedade portuguesa sente que a exigência é maior, para governo e oposição. O governo deve governar melhor e a oposição ser mais assertiva, mais afirmativa, a exigir mais e a colocar mais questões. O governo sente que a maioria absoluta não é um escudo ilimitado, tem de responder às exigências.”
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: fgarcia@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes