Marcelo Rebelo de Sousa garante que há a hipótese de dissolver a Assembleia da República e mandar o país para eleições – a “bomba atómica” – até ao fim do seu mandato presidencial, mas não para já.
“Tivemos eleições nem há um ano. Não podemos ter eleições todos os anos. Não podemos recorrer à dissolução sempre que há remodelações ministrais e substituição das equipas, mesmo devido a problemas sensíveis à opinião pública”, afirmou o Presidente da República junto ao Aeroporto de Lisboa esta sexta-feira, antes de embarcar para o Brasil, onde vai assistir à tomada de posse de Lula da Silva.
O inquilino de Belém lembra que o Governo do PS “teve o voto” dos portugueses há uns meses: apesar dos “períodos de desgaste e contestação ao longo do mandato”, não é benéfico para o país ter eleições nos próximos tempos.
Isto porque o país iria ter mais “quatro meses e meio de paragem”, diz o Presidente. “Nesta altura é preferível que o Governo efetivamente governe e cada vez melhor, em vez de estar a interromper a vida política do país”. Marcelo só dará o passo de dissolver a AR quando “houver mais vantagens na dissolução do que inconvenientes, o que não é o caso".
Isto porque o PS poderia conquistar uma maioria relativa em novas eleições: nesse cenário, "em que é o que o país melhorava?", pergunta o Presidente. Além disso, lembra que neste momento “não há uma alternativa forte e imediata” na oposição, referindo-se ao PSD de Luís Montenegro. “Experimentalismo não é a coisa melhor para a saúde das democracias.”
Mostrando “respeito” pelos governantes que “esgotaram” o seu trabalho e saíram do executivo nos últimos meses, Marcelo sublinha que o importante é “ver como o Governo vai encarar o ano de 2023”, que vai ser marcado por “fatores externos de crise.” “É fundamental que seja um bom ano para os portugueses, e isso depende muitíssimo do Governo”, avisa.
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