O Bloco de Esquerda quer ouvir com urgência o ministro da Administração Interna sobre eventuais crimes de ódio praticados por agentes da PSP e GNR. Na origem deste pedido está "Quando o ódio veste farda", a investigação do Consórcio de Jornalistas de Investigação portugueses, de que fazem parte a SIC e o Expresso, e que divulgou, esta quarta-feira, dados que revelam a prática de crimes de ódio nas redes sociais por 591 operacionais da GNR e da PSP.
Num requerimento dirigido a Fernando Negrão, presidente da Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, o partido liderado por Catarina Martins comunica que as notícias "a confirmarem-se" assumem uma "enorme gravidade" e uma "grosseira e flagrante violação da lei, da Constituição e uma afronta ao Estado de Direito". Também o PCP divulgou, esta quinta-feira, uma nota onde considera “gravíssimos” os dados presentes na investigação jornalística que inclui “centenas de elementos da PSP e da GNR que expressam o ódio racista e xenófobo”, mas também “ameaças sobre instituições e pessoas em concreto”.
No requerimento assinado por Pedro Filipe Soares, líder parlamentar, o Bloco declara “absolutamente intolerável” qualquer “comportamento ilícito” por parte de elementos das forças de segurança “sob pena de colocar em causa a confiança e a credibilidade de uma instituição basilar do Estado”. Já o PCP faz questão de mencionar que “não confunde todos os polícias com esses que só mancham a farda que envergam” e lembra que os dados conseguidos pela reportagem também são graças a “polícias que, não se revendo em tais conceções, colaboraram nessa investigação”.
Perante o pedido de inquérito de José Luís Carneiro à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) para “apuramento da veracidade” dos dados contidos na reportagem, poucas horas depois da sua divulgação, o PCP considera que “outra coisa não se esperaria” e destaca que o “fundamental” é que o processo “seja célere”. A par do resultado do inquérito conduzido pelo IGAI, o partido agora liderado por Paulo Raimundo realça a importância de serem adotadas medidas no “plano da seleção, formação e enquadramento operacional que previnam o desenvolvimento de tais conceções dentro de Instituições que têm por missão a defesa da legalidade democrática em respeito pelos valores e princípios constitucionais”.
O primeiro trabalho colaborativo do Consórcio de Jornalistas de Investigação portugueses, que junta jornalistas da SIC, Expresso, Público e Visão, divulgado esta quarta-feira, divulga uma base de dados com mais de três mil publicações de militares da GNR e agentes da PSP que expõe crimes de ódio que violam a lei e os regulamentos internos das respetivas forças de segurança.
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