A oposição do Bloco de Esquerda aos vistos gold é antiga (há muito que o partido pede o fim deste regime), mas ganhou esta sexta-feira novo ímpeto com a manchete do Expresso, que conta que há milionários dos vistos gold a receber o apoio de 125 euros do Governo. Para Catarina Martins, a notícia é sinal de uma “medida mal desenhada”. No entanto, “o mais chocante é perceber que o Governo acaba mais depressa com 125 euros para a população que precisa do que acabará com os vistos gold”. Que para o Bloco são “um cancro da nossa economia e da nossa democracia”.
A coordenadora do Bloco falava à saída de uma visita ao Hospital de Évora e comentava os números da inflação que se vão conhecendo, a que juntou outros: “nunca houve uma receita fiscal como esta, nunca houve lucros como agora, nas grandes empresas da energia, da distribuição, da banca”. O que significa, insistiu Catarina Martins, que o momento exige aumentos de salários e pensões. “Não nos digam que não há dinheiro, porque não há é vontade de equilibrar o país”.
O Bloco tem dito que a medida do Governo, que prevê um apoio extraordinário de 125 euros a todos quantos tenham auferido um valor até 37.800 euros em 2021, pode ser útil, mas é insuficiente. “Tudo o que vier é bom, as pessoas estão com a corda na garganta”, notou Catarina Martins. Porém, “convenhamos que [os 125 euros] são dados em vez de aumentos de salários e pensões”, que seriam a resposta “consistente”, que “respeitaria as pessoas”. Para o Bloco, medidas avulso não são “a política de que o país precisa”.
O facto de haver milionários a receber o mesmo apoio de quem tem um salário, pensão ou subsídio mensal médio abaixo dos 2700 euros brutos, adiciona uma outra camada de problemas à medida do Governo. “Recebo imensas cartas de pessoas desesperadas, de muitas mulheres sem rendimentos que não recebem os 125 euros”, contou a coordenadora bloquista, antes de concluir que o regime de vistos gold “só serve a corrupção, a lavagem de dinheiro e a especulação imobiliária”. É “um cancro da nossa economia e da nossa democracia”.
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