Política

Marcelo: "O galope na subida dos juros pode matar a economia"

Marcelo: "O galope na subida dos juros pode matar a economia"
RODRIGO ANTUNES

Os Bancos Centrais devem travar “o galope” dos juros, sob pena de se caminhar para uma recessão, defendeu o Presidente da República, na Ordem dos Economistas, após ouvir Vítor Constâncio. O Presidente alerta para eventual necessidade de mexer no Orçamento antes da votação final

“A subida dos juros pode matar a economia”, afirmou o Presidente da República, esta quinta-feira, em Lisboa, à saída de uma conferência na Ordem dos Economistas, onde após ouvir o ex-Governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, Marcelo concordou que é preciso “parar para pensar” e “travar este galope”. Quase à mesma hora, o BCE anunciava nova subida dos juros.

Eu já tinha dito que que a mudança do 8 para o 80 podia ter consequências complicadas”, afirmou o Presidente, remetendo-se, no entanto, para a intervenção que Constâncio fizera antes dele e que classificou de “talvez a melhor dos últimos tempos” sobre o contexto atual, para concluir: "Estamos naquele ponto que antecede as decisões fundamentais” e “vale a pena pensar se se deve continuar neste galope” ou “se se deve evitar o risco de haver uma recessão”.

Referindo “a experiência da crise da troika”, Marcelo Rebelo de Sousa citou Constâncio para defender que “os Bancos Centrais deviam ter começado mais cedo a subida dos juros mas agora deviam travar”. Chamou ainda a atenção para o facto de a Europa estar a seguir “uma cópia do sistema americano” e do que está a ser feito pela Reserva Federal norte-americana, quando as situações e até o tipo de inflação são diferentes.

Referindo-se à coincidência de uma nova subida das taxas de juro (entretanto anunciada pelo BCE) acontecer no dia da votação na generalidade do Orçamento do Estado em Portugal, o Presidente da República admitiu que o OE ainda seja mexido na especialidade e antes da votação final para, eventualmente, ter que garantir mais apoios às famílias e empresas. “Vamos esperar pela versão final”, afirmou.

Sobre as consequências políticas da crise que se vive na Europa e no mundo, Marcelo antecipou que é preciso ver se “a continuar este nível de juros isso terá consequências na situação económica vivida em 2023, 2024” e admitiu que o impacto político também será avaliado “desde logo nas europeias de maio de 24”.

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