Marcelo e os elogios a Passos Coelho. “Digo em voz alta o que muitos portugueses pensam”
JOSÉ COELHO
Presidente da República reafirma as palavras de há uma semana sobre Passos, a quem Portugal “deve muito” e que se mantém como “um ativo político importante”. As palavras que Passos dispensava são, para Marcelo, o reflexo do que “muitos portugueses pensam”
Disse há uma semana e repetiu agora. Marcelo Rebelo de Sousa reafirmou as declarações feitas na cerimónia do centenário da escritora Agustina Bessa-Luís, em que aproveitou a presença de Pedro Passos Coelho para um elogio público de passado e de futuro. Agora repetiu. “Eu falei [sobre Passos] para dizer que o país lhe deve, porque deve mesmo, aquilo que fez durante o período da troika, e que é um ativo político importante para o futuro”, sublinhou o Presidente da República esta manhã, à saída de um encontro do Conselho Superior da Magistratura, em Gaia.
Questionado sobre as intenções dessas palavras de há uma semana, Marcelo respondeu em poucas frases. “Em relação a Passos Coelho, como em relação a outras pessoas, falei como Presidente da República, e não como Marcelo. É a minha opinião como Presidente da República, dizendo em voz alta o que muitos portugueses pensam.”
Depois de mais de meia hora a discursar para os magistrados portugueses, Marcelo prestou declarações aos jornalistas, em que foram abordadas mais duas notícias da edição deste fim de semana do Expresso.
A primeira a de que dispararam os furtos em supermercados, no atual contexto de inflação e de subida exponencial dos preços. “A generalidade dos portugueses está a atuar, apesar da crise, da situação económica e social, e apesar do que sofre, com um comportamento cívico irrepreensível”, defendeu o Presidente da República, lembrando, porém, os números da pobreza, que estão por esta altura perto dos dois milhões de pessoas. “É um problema de fundo da sociedade portuguesa”, com “casos demais que passam de geração em geração”, de avós para pais e netos.
Por fim, recusando comentar os casos concretos de eventuais incompatibilidades, Marcelo afirmou que a demora para a criação da Entidade para a Transparência (aprovada no Parlamento em 2019) só tem uma palavra. “A palavra é muito simples: incompreensível.” Para o PR, se o Parlamento entendeu que este organismo ia ocupar “um espaço considerado fundamental”, a demora no processo de criação leva a “uma sensação que pode haver nalguns portugueses de que afinal a transparência não é uma prioridade na sociedade portuguesa”.
Muito a propósito das palavras que tinha deixado no encontro dos magistrados, minutos antes, Marcelo reforçou que o desafio que se impõe é “afirmar permanentemente os valores da Constituição e da lei, investigando o que há a investigar, e aplicando a justiça de forma igual para todos”.
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