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Costa antecipa dados económicos para 2023: Sem recessão, crescimento acima da média da UE, e desaceleração “significativa” da inflação

“António Costa vai querer ser percebido como o político que faz reformas sem falar delas”, diz Paixão Martins
“António Costa vai querer ser percebido como o político que faz reformas sem falar delas”, diz Paixão Martins
Tiago Miranda

A dois dias de o cenário económico do Governo ser conhecido, Costa antecipa alguns dados: previsão de crescimento do ano que vem vai ser “moderada” mas acima da média da UE, inflação vai desacelerar de forma “significativa” e acordo de rendimentos é para fechar até segunda-feira. Marcelo diz que vai a Malta ver o que os outros países estão a preparar e avisa: está de olho

Em declarações aos jornalistas depois dos discursos de Marcelo Rebelo de Sousa e de Carlos Moedas no âmbito das cerimónias do 5 de outubro, António Costa antecipou esta quarta-feira alguns dados do cenário macroeconómico com que o Governo está a trabalhar para preparar o Orçamento do Estado para o ano que vem. Haverá crescimento económico, ao contrário do que está a acontecer noutros países da Europa, mas “moderado” - ainda assim, “acima da média da União Europeia”. Mais: haverá uma “desaceleração significativa” da inflação e, por isso, o Governo conta prosseguir a política de valorização de rendimentos e competitividade da economia - quer no público quer no privado. Para isso, notou Costa, o Governo quer acordo com a concertação social ainda antes da entrega do Orçamento do Estado, prevista para segunda-feira.

“É um Orçamento do Estado ajustado às realidades: somos o país da UE que teve o crescimento mais alto este ano; no próximo ano, com a recessão que há em vários países, vamos crescer menos do que este ano, mas não vamos ter um cenário de não-crescimento nem de recessão. Será um crescimento moderado e ajustado à realidade”, diz o primeiro-ministro, falando mais à frente num crescimento “acima da média da UE”, que será naturalmente mais baixa do que em anos anteriores.

"Depois de termos este ano o crescimento bem acima dos 6%, que foi o mais elevado da UE, este ano o crescimento não será desta ordem mas há confiança de que o país vai continuar a crescer acima da média da UE" e a aproximar-se dos países mais desenvolvidos da União Europeia, sublinhou numa nota de optimismo.

Para isso, diz Costa, interessam os dados sobre a inflação. Nas previsões do Governo, e nas quais se está a basear para trabalhar o Orçamento do Estado para o próximo ano, haverá em 2023 “uma desaceleração significativa da inflação”, e a manutenção da taxa de emprego - que é a “chave para a política económica”. É isso que permite, afirma o primeiro-ministro, manter o objetivo de sustentar, sem alimentar a espiral de inflação, o objetivo de aumentar o rendimento das famílias e a competitividade das empresas.

É nesse sentido que António Costa volta a pressionar os parceiros sociais - sindicatos e patrões - no sentido de chegarem a um acordo em sede de concertação social ainda antes da entrega do Orçamento do Estado, prevista para segunda-feira. “Estamos a trabalhar com os parceiros em sede de concertação social para conseguirmos o objetivo proposto de aumentar o peso dos salários na economia nacional [para atingir os 48% do PIB no final da legislatura]”, diz, lembrando que se trata de um acordo plurinanual com o objetivo de "não perder poder de compra no privado, tal como apresentámos esta semana para a Administração Pública".

Marcelo avisa Governo: “Vou comparar a resposta do Governo com a resposta dos outros países"

Quanto ao mais, Costa quer “respeitar os calendários”. E por isso não antecipa medidas concretas do Orçamento do Estado. Depois de o Governo ter estado reunido esta terça-feira, durante 9 horas, a fechar a proposta do Orçamento do Estado, na próxima sexta-feira de manhã o ministro das Finanças reunirá com os partidos da oposição para apresentar o cenário macro-económico para o próximo ano. “Depois de ouvir a oposição temos de voltar a reunir e, até lá, esperamos concluir as reuniões com os parceiros sociais”, diz ainda.

Depois de várias semanas com Marcelo Rebelo de Sousa a pedir ao Governo para revelar o cenário económico previsto para o próximo ano - alertando para o facto de que o que vem aí “é mau” -, António Costa levanta assim uma pequena ponta do véu, com uma boa dose de optimismo. Mas no final da cerimónia do 5 de outubro, e depois de ter lançado novos recados ao Governo de maioria absoluta e à necessidade de cuidar da democracia, o Presidente da República voltou a avisar o Governo de que estará atento ao que aí vem.

Em declarações aos jornalistas à chegada ao Palácio de Belém, Marcelo avisou que vai estar a partir de amanhã em Malta a reunir com presidentes de outros países da UE e que vai procurar "perceber as respostas que os outros países vão dar" aos efeitos da guerra. E aumenta o nível de exigência com o Governo. "Vou perceber os cenários que eles têm. A Alemanha previu uma verba monumental" para apoiar consumidores e famílias. "Vamos ver como é que o Governo está a encarar o próximo ano e vou comparar com o que estão a prever governos de outros países", avisou. O PR está de olho.

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